No início, tudo era negro. Um universo primordial, escuro suprido apenas de um vazio infinito sem vida, mas em meio a isso tudo, havia um primordial. Um ser constituído de pura energia cósmica e de mutações
próprias que lhe concederam todas as habilidades possíveis em infinitos
espectros.
Ele existia em todos os lugares, todas as
dimensões, todas as realidades.
Porém, o mesmo, apesar de sua presença e
importância, não possuía forma, ele era invisível e não possuía textura, não
possuía corpo ou algo que se assemelhasse a um avatar, ele era apenas uma
imensidão inexistente.
Mesmo um ser com capacidades infinitas como esse
ser, sabia de suas falhas. A imensidão escura a sua volta não lhe apresentava
perigo, assim como absolutamente tudo que existia ou viria a existir, a única fraqueza
de um ser sem fraquezas, era ironicamente, ele mesmo.
Ele não sabia sua origem, não sabia o porquê
estava lá, o porquê possuía tais capacidades, mas conhecia suas capacidades,
uma delas, era seu próprio limite.
Por mais que ele conseguisse fazer absolutamente
qualquer coisa, ele não conseguia prolongar sua vida, junto disso não
conseguiria manipular os eventos temporais que ocorreriam depois de sua morte.
Com a sua suposta morte chegando, ele expandiu
sua existência em vinte e cinco planetas, de seu poder e características, ele
criou cinquenta seres com espectros distintos que foram denominados “Deuses”.
Espalhados de forma desparelha entre os vinte e
cinco planetas, os deuses foram postos para desenvolver o que quisessem em seu
planeta, seja vida ou conceitos imateriais como a chamada “magia”.
Porém, lhes fora alertado que, no exato momento que
o milésimo ano iniciasse, eles deveriam encarar as consequências da morte de
seu progenitor.
No exato segundo que isso aconteceu o chão caiu
sobre os mundos. Teólogos conseguiram prever os feixes do desastre, mas nenhum
conseguiu prever as proporções do apocalipse que estaria por vir à tona.
Brechas e rachaduras mágicas tomaram o solo de
todos os planetas em todas as dimensões ao mesmo tempo, de forma sincronizada,
a radiação mágica começou a crescer e a se expandir ao ponto de ocasionar
explosões descontroladas e aleatórias.
Os planetas, que antes foram cobertos pelos
biomas, cidades, oceanos, foram substituídos por ravinas com um interior de
aurora enquanto se afastavam em estilhaços planetários que, devido a falha da força gravitacional, todos foram jogados para fora da órbita.
Com o fundir de um em um, os vinte e cinco planetas
foram reduzidos em apenas um único planeta condenado a orbitar uma estrela
nomeada de “Sol”. Junto disso, um corpo celeste misterioso se anexou a orbita
do planeta, um satélite natural prateado nomeado de “Lua”.
Os planetas, apesar de serem erguidos por Deuses que supostamente eram “irmãos”, eram
extremamente distintos. As raças, faunas, floras, climas e principalmente
religiões entraram em conflito.
Enquanto alguns desenvolveram técnicas de luta
que conseguiam imobilizar animais até cinco vezes maior que o combatente,
outras desenvolveram mutações corporais que os tornaram super-humanos capazes
de suportar diversos empecilhos gigantescos.
Mas o principal que mudou, não só uma como a
maioria das dimensões, fora os pactos e devoções aos seus Deuses.
Cada Deus recebeu uma característica de seu
progenitor, o que lhes tornara sua marca registrada e o avatar que representavam
seus símbolos.
Porém, com tantas pessoas diferentes, com
características, gostos, raças e crenças que divergem entre si era impossível manter a unidade. Foi então
que, o real problema começou, a guerra que constituiria o mundo e o consolidou
como um todo.
Esse novo mundo era semelhante ao planeta Terra,
com a exceção de suas paisagens alteradas e de seu tamanho que cresceu cinco
vezes mais.
Nas Américas, a chamada Guerra dos Povos tomou conta e manchou o sangue do território. Diversos povos tentaram impor sua
dominância por meio de ataques suicidas ou coisas que seriam considerados crimes
de guerra nos tempos modernos.
Diversos povos se aliaram, diversos cadáveres
foram decapitados, inocentes sacrificados e tribos simplesmente apagadas da
história.
Até mesmo raças superiores foram extintas – como
um exemplo os lendários dragões, salamandras
aladas gigantes que tinham como principal característica suas peles resistentes
e seus sopros elementais.
No lado direito do mundo, um grupo liderado
pelo samurai Suinin Kitsune, conhecido como “Raposa Branca”, liderava e
expandia seus soldados pela Ásia. Enquanto o Rei Arthur e a Távola Redonda surgia na Rússia e tomavam conta da região junto de uma pequena parte da Europa que recebeu o nome de Camellot.
Para dominar o restante da Europa e a região
africana, as escolas de magia dos magos de Merlin dominaram as regiões aos
poucos.
A Oceania permaneceu uma terra isolada e
misteriosa que aparentava não possuir frutos para o exterior.
E com isso o tempo passou.
Os deuses que estavam nas Américas se mataram aos
poucos, duzentos anos após o término da Guerra dos Povos apenas dois ainda
estavam vivos. Ambos da costa leste do que seria os Estados Unidos.
Tac Nyan – um gato Shpynx com pele esverdeada e
olhos esmeralda sem pupilas.
E os Deuses da Areia – três governantes gêmeos
que conseguiram matar o Deus que possuía a alma divina original, agora
dividindo a alma entre si.
Eles dominavam sua média e considerável área.
Ambos os deuses permaneciam escondidos em planos
que vão além da capacidade humana.
Zanzando pela área de forma intrigante, a Vida,
em um corpo que ninguém reconheceu, viajava pela região tentando evitar um
possível desastre futuro.
Após um pacto mútuo, a corte Inglesa – dominada
por Merlin – juntou forças com a Távola redonda de Rei Arthur e com os
exércitos dos reinos de Ortren – que se baseava nos padrões asiáticos e que é
governada pelo atual Shogun.
Nessa região,
aprisionada em algum lugar amaldiçoado, a Morte aguardava em silencio os
chamados de Lúcifer, que continua perambulando pela Terra, disputando a
influência mística do mundo com seus demônios contra os paladinos e magos de
Jesus que também mantinha sua localidade desconhecida.