Nota do autor. Isso é apenas uma mensagem do autor, pode ignorar se preferir. Ola, desculpe se eu parecer ignorante ou irritado, mas é só um ponto de vista que me deixa meio desanimado em alguns pontos. Eu sei que não é obrigação de ninguém, mas é meio desanimador ver os analytics e comparar as visualizações com os comentários. Sei que é comum esse tipo de coisa, mas da a impressão de que eu estou escrevendo apenas para maquinas verem, claro que agradeço a quem comenta e interage, em especial o Paragon e o ClayMan e a toda comunidade do discord. Acho que isso é só um convite pra trocar ideias nos comentários, mas de novo, ninguém é obrigado a nada. Bem, espero que gostem do capitulo, Say ya
O
clima havia ficado tenso entre os quatro e o imperador.
O homem de pele queimada e olhos dourados olhava
para Aquiles com um sorriso sádico e levemente despretensioso.
Aquiles, por sua vez, continuava nervoso e com
muito medo, talvez até mais do que antes. Não pensava que, ao discursar, suas
palavras possuíssem a capacidade de o condenar a uma possível morte ou a
geração de uma guerra.
“...podemos começar uma nova guerra, apenas por
citar o nome de Cartan.” Pensou Voltten, relembrando os dizeres de Edward ao
avistarem a capital pela primeira vez.
O mago deu alguns passos à frente para que
conseguisse ver o rosto do amigo.
Ao encarar a face confusa de Aquiles, que
naquela altura também se lembrava dos mesmos conselhos de Edward, Voltten só
aumentava mais e mais o seu pânico.
O elfo ruivo procurava uma desculpa, uma saída
ou qualquer coisa que não os condenasse. Logo teve uma crise de memória e indo
para a resposta mais segura.
— Ibi. – Foi depois de quase dois minutos de
tensão, que ele afirmou com uma leve calma em sua voz.
Kaf levantou suas sobrancelhas em sinal de
dúvida, não entendendo a resposta de Aquiles.
— Que país seria esse? – Questionou o imperador,
dificultando ainda mais para Aquiles.
Aquiles disfarçou a preocupação com um escudo
sensível de vergonha.
— Ah... você não conhece? – Questionou Aquiles
avoado, tentando se acalmar enquanto continuava a falar. — É um país no extremo
sul, não somos muitos populares por aqui, sabe...?
A face de Kaf demonstrava um desinteresse na
explicação do cavaleiro, que tentou justificar com fatos ilógicos sua presença
naquele lugar.
O trunfo do imperador veio à tona em sua mente
após alguns segundos.
A sua pergunta que quebraria por completo todo e
qualquer argumento do grupo saiu de seus lábios e cruzou o ar, impregnando os
ouvidos dos quatro que estavam sem escapatória.
— Uma pergunta. — Iniciou Kaf, cortando as
explicações ilógicas de Aquiles e o calando junto com todos da sala que pararam
de fazer barulho, inclusive o som de respiração. — O seu amigo, aquilo era
magia divina, suponho que seja um paladino. Qual seria sua religião?
Tudo havia se perdido.
Voltten e James sabiam de cor os deuses que
ainda estavam vivos, os sete últimos divinos que ainda residiam naquele mundo
eram distintos o suficiente para que a afirmação da religião de Edward já os
denunciasse.
Aquiles também tinha essa informação, não tão
detalhadamente, mas era o suficiente para que compreendesse a armadilha montada
pelo imperador.
— T-Tac N-Nyan. — Respondeu Aquiles com extremo
medo e receio ao falar, desviando o olhar para baixo.
O esperado pelos três que possuíam a informação
sobre os deuses era de que Kaf ficasse extremamente irritado com a invasão de
outro país com outra religião e ainda teria motivos para começar uma guerra,
pois eles invadiram a capital do país, agrediram os guardas locais, os difamando
e ainda mataram o monstro número um de seu coliseu.
A execução era quase certa e uma possível guerra
já estava a sendo cogitada.
Sem esperanças, Aquiles se acalmou por completo
e fechou seus olhos, apenas aguardando a reação do imperador perante aquela
informação.
Porém, um dos guardas que acompanhava Kaf
começou a tremer e a segurar com força sua lança de forma desequilibrada, a
empunhando com as duas mãos na intenção de ameaçar Aquiles.
— O-Os Cães Demoníacos?! – Afirmou um dos
guardas, que se assustou com as palavras do cavaleiro.
— Hum? – Murmurou Voltten, não entendendo as
palavras do guarda, que adquiriu um medo surreal em segundos.
— Acalme-se, soldado! – Ordenou o imperador com
receio.
— S-Sim, senhor! — Respondeu o guarda, após a ordem
do imperador.
— Muito bem... – Murmurou Kaf, tomando um leve
ar tenebroso em seu tom de voz. — Podem ir embora, de preferência o mais rápido
possível.
— Como!? – Gritou Voltten e James, confusos com a
concessão de liberdade dada pelo imperador.
— Espere, “Cães Demoníacos”? – Sussurrou Aquiles
para si mesmo, enquanto abria os olhos novamente, fazendo as ligações.
— Vocês podem ir embora, simples. Meus
curandeiros irão trazer seus amigos ainda hoje se possível, vocês podem partir
ainda ao pôr do sol. — Completou Kaf, deixando o mago e o arqueiro ainda mais
confusos, isso sem falar do draconato que desistiu de participar da discussão a
muito tempo. – Nós fingiremos que nada aconteceu e o povo vai esquecer da luta no
coliseu em alguns meses eu suponho.
— Mas nós invadimos seu país! — Afirmou James
confuso, procurando uma razão lógica. — Nós atacamos seus guardas e matamos o
seu monstro...
— ...E você vai nos deixar ir embora com tanta
facilidade? – Completou Voltten, igualmente confuso.
Kaf deu um breve suspiro ao entender que aquelas
pessoas não sabiam toda a história por trás de Civitas.
— O que vocês sabem sobre o país que servem? – Questionou
o imperador calmamente.
— O que nós sabemos? – Perguntou Voltten,
questionando para si mesmo. — Civitas foi o palco do Genocídio das Estrelas,
ele era um país que foi primeiramente dominado pelos Cavaleiro Negros e
atualmente segue a Tac Nyan.
— E....? – Perguntou esperando ouvir mais sobre
o que eles sabiam.
— Acho que é só isso... — Respondeu o mago,
levemente receoso.
— Sinceramente, quem ensinou vocês? Um
historiador de classe média? – O
imperador debochou dos dois que não sabiam da força de seu próprio país.
— Civitas foi o último ponto que o Caçador foi
visto? — Acrescentou James, mesmo sabendo que seus amigos não acreditavam na
sua história.
O mago raciocinou sobre quem James estava se
referindo, com um leve atraso.
— O Caçador não passa de uma lenda. – Retrucou
Voltten incomodado. — Ele é só uma história para assustar crianças, não é real.
— Acredite no que você quiser. — Respondeu James
de forma indiferente. — Eu só falei o que eu sei.
Aquiles, ao ouvir o citar do nome da besta
conhecida como “Caçador”, lembrou de uma das principais regras de seu clã e que
entrelaçavam aquela situação por completo.
Ele se lembrou de uma das principais normas que
não podia quebrar nem que isso custasse sua vida. Uma informação que poderia
causar uma revolta em toda a região, talvez no mundo como um todo devido as
relações desse fato.
O cavaleiro arregalou os olhos e olhou fixamente
preocupado para a boca do imperador, querendo confirmar o que ele sabia sobre o
Caçador e sobre a velha unidade dos Cães Demoníacos.
— Exato! – Afirmou Kaf, confirmando a
importância do Caçador na história, deixando Aquiles ainda mais tenso.
— Como? – Questionou Voltten, ao ver que um
motivo tão supersticioso era uma razão de suas liberdades.
— Você pode não acreditar, mas o Caçador é tão
real quanto eu ou você. – Kaf começou a falar, fechando os olhos e proferindo
as palavras de forma suave. – Lembro-me das histórias contadas e de alguns
casos que eu vi.
James se pôs a ouvir melhor a história do país,
afinal o mesmo sempre buscava informações novas.
– Nos tempos antigos, o caos imperava em
Harenae, o motivo era a vinda do Caçador para essa região. – Ele teve um leve
arrepio ao citar o nome da besta momentaneamente. – Porém, nossa salvação vinha
em um grupo de soldados específicos de um país que não éramos aliados ou
inimigos, a unidade dos Cães Demoníacos.
Voltten ainda encarava com ceticismo aquela
história, mas continuava a ouvir sem incomodá-lo.
– Ela era uma organização militar formada pelos
seres mais fortes dos Cavaleiros Negros da época, os Cães Demoníacos puseram um
fim na lenda do Caçador, o matando de uma vez por todas. – Kaf finalizou com um
suspiro calmo e vago.
— Não acredito que isso seja real. — Exclamou
Voltten, tirando um pouco da moral épica da história. – Continuo achando que é
só uma lenda para crianças.
Aquiles se acalmou levemente ao entender que o
imperador não conhecia a versão real da história, apenas a suposição do que
acontecera.
— A quanto tempo foi isso? – Questionou James,
interessado nos detalhes da lenda.
— Bastante tempo, quase um século atrás. —
Respondeu Kaf, se alegrando com o interesse do homem pela história.
— Certo.... Quando podemos sair? – Questionou
Aquiles, mudando rapidamente de assunto.
— Sim, como já disse, estamos em uma espécie de
dívida com vocês por terem impedido o caçador, uma longa dívida na verdade. –
Disse Kaf, virando seu rosto para Aquiles, ele parecia bem mais tranquilo do
que antes. –Mandarei um guarda preparar seus equipamentos confiscados, então
apenas aguardem um pouco até seus amigos acordarem.
— Entendido. — Respondeu Voltten aliviado.
— A Propósito. — Indagou o cavaleiro, chamando a
atenção de Kaf. — O que vai acontecer com o lanceiro?
— Normalmente se alguém se recusar matar seu
oponente, os dois são mortos, mas neste caso farei uma exceção e farei algo a
respeito depois. — Respondeu o imperador pensativo. — Seria ruim perder alguém
como ele.
— Isso já aconteceu alguma vez? – Questiona
James.
— São raros os casos de gladiadores com tanta
empatia, normalmente os “santos” que tentam fazer isso perdem as cabeças junto
do inimigo. – Kaf parou para pensar. – Não digo que seu caso foi único, mas não
lembro de nenhum parecido.
— Desculpa por termos matado ele, aliás. — Disse
Voltten, envergonhado.
— Sem problemas... — Respondeu Kaf com um leve
suspiro. — Ele era um ser raro sem dúvidas, mas sua morte não foi totalmente
culpa de vocês. Afinal fomos nós que largamos vocês lá...
— Não, foi culpa nossa. — Disse James, de bom
humor. — Mas se você não nos condena, quem somos nós para reclamar?
Aquiles olhou incomodado, mas o imperador soltou
um breve riso, pois achou a afirmação do arqueiro de tom cômico e agradável.
— É, tem razão. — Respondeu Kaf, após parar de
rir.
A porta da sala foi aberta bruscamente, chamando
a atenção de todos que encaram o guarda em destaque.
O homem estava ofegante, como se estivesse vindo
às pressas para falar com o imperador que o encarava com uma leve curiosidade.
— Meu senhor... – Disse o guarda, respirando com
força.
— Acalme-se homem. — Disse Kaf, se virando para
ele.
— O ladino! O ladino acordou! – O guarda relatou
a informação.
— Varis? – Perguntou Aquiles, fazendo a breve
ligação.
— É esse o nome dele, não? – Perguntou Kaf,
rapidamente. — Vou lá para ver o estado dele, fiquem aqui até um guarda trazer
seus equipamentos.
Kaf já estava se virando para seguir caminho em
busca do ladino, mas foi interrompido poucos passos depois.
— Eu irei com você. — Disse Voltten receoso,
arrumando um pouco a postura e se aproximando do imperador, mas sendo parado
por um dos guardas que o empurra levemente.
— Porque você precisaria me acompanhar? – Questionou,
levantando com um leve tom curioso em sua fala.
— Varis é idiota a ponto de não acreditar no que
você irá dizer, se eu for junto ele vai acreditar. — Respondeu Voltten.
O guarda trocou olhares com o imperador que fez
um sim com a cabeça.
— Certo, você pode vir, mas só você. O resto
terá que esperar. – Falou o imperador de uma forma mais rigorosa.
— Entendido. — Respondeu o mago, com um sorriso
em seu rosto.
— Boa sorte cara. — Falou Aquiles, dando um leve
tapa nas costas do mago, que o encarou de cima para baixo.
— Eu terei, pode ter certeza. — Respondeu,
encostando no ombro do cavaleiro que o encarou nos olhos. Por segundos a
preocupação do cavaleiro foi vista novamente, mas não questionada.
Ao sair do quarto de espera, Voltten seguiu o
imperador e seus guardas que os rodeavam. Junto deles, dois surgem nas costas
do mago para impedi-lo de fuga.
Os cenários do lugar eram magníficos.
Mesmo o mago nunca tendo estudado sobre os
Deuses da Areia, as tapeçarias e retratos contavam sua história de forma
indireta, mas clara aos olhos do Mago.
A primeira tapeçaria representava um exército de
espíritos azuis rosados, todos com suas partes inferiores presas em algo que
seriam runas, jarros ou outras relíquias menores.
Aquela era a representação de Kaabarse, Deus que originou os Deuses da Areia, e seu
exército de djinns.
A segunda tapeçaria, logo ao lado, possuía dois
homens, uma mulher e um humanoide azul. Os quatro estavam adentrando em uma
espécie de tumba
A mulher possuía longos cabelos negros e véus de
mesma cor. Em suas mãos, um kanun a emanar raios e vibrações ao seu redor.
O outro possuía cabelos carmesins médios, calça
thai e colete dourado. Em suas mãos, uma espada vibrante que lhe dava uma
posição épica em seu grupo. Ele estava mais a frente e seu rosto era o que mais
sorria.
O terceiro possuía cabelos loiros curtos, véus
diversos e um cobrindo parte de seu cabelo. Em contrapartida, diferentes de
seus companheiros, ele estava desarmado por completo e socava pedras como se
não fosse nada.
O humanoide azul estava atrás em uma pose
semelhante a Harihara, emanando energias mistas de quatros braços.
A terceira tapeçaria representava uma luta entre
os três supostos humanos e a figura da primeira tapeçaria.
A quarta e última vista por Voltten mostrava um
círculo dividido em três partes, cada uma com uma das três pessoas da segunda e
terceira tapeçaria. A humanoide azul estava morta em seus pés.
Cada um dos três possuía uma Bindi de uma cor
diferente.
A vermelha estava no homem loiro.
A verde estava na mulher de cabelos negros.
A roxa estava na do homem de cabelos carmesim.
Mesmo não entendendo muito o que aquilo
significava, Voltten continuou a seguir o imperador e os guardas do palácio.