Após os relatos serem passados
para Glans e Voltten, os dois ficaram receosos perante o desmaio do amigo.
Junto disso as informações sobre a “Maldição dos Arrependidos” lhes deixaram
ainda mais com pé atrás.
– Como está, James? – Voltten
questionou tentando colocar moral sobre um dos homens de branco com máscaras assustada.
– Ele está bem, apenas desmaiou.
– Afirmou o mais próximo de Voltten com um tom meloso e envergonhado. – Logo
ele vai acordar.
– O que vocês fizeram? – Glans
questionou, mostrando sua presença forte apenas dando um passo que fizera o
homem de branco recuar para trás.
– N-N-N-Não fizemos nada. Ele
só desmaiou após uma conversa com o mestre. Não houve o uso de magia ou veneno,
eu juro.
Enquanto o homem de branco com
máscara assustada suplicava aqueles dizeres, dois homens de máscara zangada armados
com lanças bizarras se aproximaram dos três.
– Afaste-se! – Um deles
afirmou intimidando Glans.
As armas, não só daquele
homem, mas sim a de todos do local, possuíam um formato robusto com uma jóia
fixada perto da ponta da lança, da chappe da espada ou a mira do arco.
Quando eles faziam movimentos
bruscos com o equipamento, as joias se moviam internamente de uma forma
estranha, parecendo um líquido entrando em um redemoinho, ou até mesmo uma
galáxia a seguir seu ciclo.
– Essa arma... – Voltten
afirma pensativo perante aquele implante no equipamento.
– Recuem! – Uma voz bruta e rústica
atrapalha completamente os três homens de branco, os fazendo se agruparem e
ficarem em posição de sentido.
– Sim, Mestre! – os três
afirmam de forma alta e clara enquanto todos envolta desviaram rapidamente o
olhar para Phineas.
– Desculpem pelo incômodo. –
Phineas afirmou ficando entre os três homens e os dois amigos. – Jameson teve
uma crise de stress e acabou desmaiando.
Voltten encarou as íris verdes
receoso, mas tomou coragem quando ao recuar encostou de relance em Glans.
– Como pode nos provar que ele
está bem? – O mago questionou juntando toda a coragem possível, avançando em um
passo de raiva.
– Você mesmo pode vê-lo se
preferir. – Phineas respondeu mostrando a onde haviam levado James.
De longe dera para ver o
arqueiro dormente, ele não parecia ferido, muito menos em perigo, apenas
desacordado.
Voltten conferiu o corpo de
seu amigo, o mesmo estava totalmente normal em questão corporal, nada havia
sido ingerido ou aplicado, pelo menos era isso que sua magia indicava.
Voltando para o local original
o mago se questionara o que aqueles homens iriam fazer agora.
– Jameson falou que vocês
estavam atrás de seus amigos. – Phineas afirmou completamente neutro perante as
estranhezas de Voltten. – Acho que eles são sua prioridade no momento, certo?
– Hum? – Voltten e Glans
murmuraram intrigados.
– Você sabe onde eles estão?
– Exatamente a onde não. –
Phineas afirmou calmamente. – Porém sabemos o local que eles supostamente
estão.
– Qual ser esse local? – Glans
questiona tentando fazer igual a Voltten e emplacar uma postura ameaçadora. Ele
conseguiu facilmente.
– Aqui mesmo, mas quilômetros
e quilômetros abaixo de nós. – Phineas afirma apontando para baixo, logo em
seguida recolhendo as mãos. – Vocês viram a escada em espiral quando subiram,
certo?
– Sim... – Voltten afirmou
recuando para trás vagamente.
– Ela leva para essa
construção paradisíaca, mas também podemos descê-la. – Phineas afirma como se
estivesse a recitar alguma prosa antiga. – Esse lugar já foi uma imensa
fortaleza élfica, mas, após a Colisão dos Mundos, esse lugar foi corrompido por
um dos seguidores da morte. Tal ser era um exímio necromante, um manipulador de
corpos que sugou toda vida que essa cidade possuira, manipulando almas e corpos
para formarem uma fortaleza embaixo de nossos pés.
– O que ele fez com os corpos
das pessoas? – Voltten questionou apreensivo. – Porque deixou os corpos dos
soldados aqui? E o que ele vai fazer com nossos amigos?
Phineas o encarava friamente.
O mago buscava a razão, mas seus pensamentos acelerados não compreenderiam as
explicações complexas dele.
– Os corpos foram jogados ao
pântano e com o tempo a magia da cidade os corroeu, mudando a tonalidade da água
junto de suas propriedades.
Voltten rapidamente ligara os
corpos corroídos com magia a água que, se usada, como colírio permitia-lhes uma
visão dos fantasmas do local.
– Os guardas desse local foram
a primeira grande ameaça para o necromante. – Continuou Phineas. – Ele usou de
uma matilha de lobos mortos para derrotá-los. Ao contrário dos corpos, eles não
foram jogados, virando meros fantoches do feitiço de controle de corpos.
Feitiço esse que nós eliminamos quando chegamos aqui.
– E os amigos?! – Glans
perguntara impaciente, era de se entender que o draconato não estava a entender
a conversa e queria apenas respostas rápidas.
– Eles foram levados para
dentro da fortaleza do necromante por meio de um feitiço. – Afirmou ignorando a
explicação da maldição local por pura falta de paciência.
– Qual o estado deles? –
Voltten questionou.
– Não sabemos.
– Para que eles querem eles?
– Não sabemos, mas achamos que
é para conseguir novos soldados.
– Isso já aconteceu?
– Nesse lugar eu não sei, mas
já lidamos com isso.
– Então sabem como resolver?
– Sim, é bem simples.
– Então porque não resolveram?
– Glans questionara novamente.
– Simples é diferente de
fácil. – Phineas murmurou. – Aqui em cima não somos afetados por esse feitiço,
mas lá em baixo as coisas são diferentes.
Apontando para os membros
feridos de seu culto, Phineas expôs contra o que eles estavam lutando.
– Somos idealistas, não
soldados. – Phineas respondeu cabisbaixo. – Nossos especialistas em combate não
são o suficiente, nem se enviássemos todos que temos aqui a chance teríamos um
bom resultado, além disso os reforços demorariam a chegar.
– Reforços? – Voltten se
intriga. – Tem mais de vocês?
– Eu acho que isso é
irrelevante por agora. – Phineas afirma focado na face de Glans. – Mas chuto
que vocês possam ajudar.
– Hum? – Os dois questionam
receosamente.
– Nós queremos acabar com essa
maldição e vocês querem seus amigos, acho que podemos uns ajudar os outros, não
acham?
– Se todos que foram acabaram
voltando feridos, acho que nós dois sozinhos não mudamos muito. – Voltten afirmou
receoso.
– Ainda temos uns quatro ou
cinco homens em seus cem por cento.
– Lanceiros?
– Os lanceiros patrulham, os
que enviamos usam em sua maioria espadas ou magias.
– Magias? – Glans e Voltten
questionam simultaneamente.
– Somos um culto religioso no
final das contas, apesar de ressalvas.
– Magias do Deus da Vida... –
Voltten se lamentara vagamente. – Não é tão útil em combate, mas pelo menos
temos médicos...
– Temos dois médicos de campo
se forem de seu agrado.
– Quantos mais melhor, não? –
Afirmou pensativo. – Se é para conseguirmos em uma única chance, é bom formar o
melhor grupo.
– Pretendem conseguir em uma
única tentativa? – Phineas pergunta vagamente impressionado.
– Nós não queremos deixar
nossos amigos sozinhos e temos mais trabalho para fazer além disso. – Voltten
olhou para Glans rapidamente. – Acha que conseguimos?
– Glans ir na linha de frente.
– Afirmou o draconato exibindo seu machado. – Quando nós ir?
– Já que vocês estão tão
animados eu vou convocar os meus homens. – Phineas afirma desviando o olhar. –
Apenas aguardem aqui.
Os dois amigos sentam próximos
a porta de que saíram, ainda com receio daqueles homens de armadura branca.
Claro que os mesmos os observavam de forma estranha.
Suas máscaras esboçando apenas
uma emoção limitava a interpretação de cada um que os via de fora.
Voltten chutou rapidamente que
havia um padrão entre as máscaras, mas o único que ele identificara fora o das
máscaras zangadas. Elas eram usadas principalmente pelos lanceiros que
patrulhavam pelo lugar, sempre em busca de algo que os ameaçasse – inclusive
dois em específico que os observavam a cada movimento.
– E-E-Ei vocês. – Uma voz fina
chamou Voltten e Glans. A sua origem era de uma máscara assustada pertencente a
uma figura pequena em padrões normais, comparados aos dois amigos ela era uma
anã praticamente.
– Hum? – Os dois viraram o rosto, causando um
leve receio na pessoa que os chamara.
– A-A-Ah... – ela perdera
rapidamente a compostura. – Vocês... vocês precisam comer?
– Hum? – Voltten murmurou para
si.
A tensão do local culminada
com a perda de seus amigos e agora com esse culto os encarando fora um disfarce
perfeito para que se estômago não sentisse a necessidade de alimento.
O mesmo ocorria com Glans, mas
no caso do draconato ele ainda conseguia suportar mais tempo sem comer nada.
Porém, era inegável que um
pouco de comida era aceitável.
Os dois se olharam
rapidamente, Glans depositara a resposta em Voltten que logo se pronunciou.
– Acho que aceitamos o
convite. – O elfo afirma se levantando junto de Glans.
A pessoa tremula seguiu para
junto de mais pessoas com as mesmas máscaras assustadas. Junto delas alguns com
máscaras felizes e zangadas.
Os dois sentaram em volta de
um caldeirão fervente. Voltten analisara visualmente aquela sopa dentro do
caldeirão.
Seu caldo possuía o cheiro de
ervas fortes e salgadas, sua cor era marrom e fluida, boiando nele havia
inúmeros vegetais.
– Onde vocês conseguiram
vegetais nesse fim de mundo? – Questionou o mago impressionado.
Um homem com máscara
sorridente caminha em sua direção, carregando consigo duas tigelas e uma
concha. Atrás dele dava para ver mais das pessoas com máscaras assustadas
agrupadas com medo.
– Oh, nossos vegetais são
cultivados na hora. – o homem de máscara sorridente afirmou de forma calma e
prazerosa.
– Hum? Como? – O mago
questiona. – Um vegetal demoraria semanas para ser cultivado, no inverno é
ainda pior.
– Voltten. – Glans apontara
para um dos cantos daquele lugar.
Ao olhar para o local, Voltten
percebe um pequeno canteiro a ser cuidado por um daqueles homens, mas ele
estava ajoelhado a rezar.
A reza não era audível a tal
distância, mas o brilho verde nítido denunciava o uso de magia em uma espécie
de varinha ou cetro pequeno.
– Crescer as sementes com
magia... – Voltten afirma impressionado. – Isso é uma ideia incrível, nunca
pensei em uma forma de cultivar plantas tão facilmente.
– Também cultivamos galinhas,
isso nos da carne de frango e ovos frescos. – O homem com a máscara feliz
afirma entregando as tigelas para Voltten e Glans.
– Frango... – Glans afirma
pensativo e com apetite.
– Isso mesmo, frango! – Servindo
uma tigela, o homem afirmou animado.
– Aqui. – Voltten passa a
tigela para Glans. – Acho que vamos precisar de talheres...
Ao olhar novamente para Glans,
Voltten percebe que o mesmo engolira tanto o caldo quanto os vegetais e o
frango em uma única virada de tigela.
– Hum? – Glans questiona se virando
para Voltten.
– Esquece. – O mago afirma
pegando a segunda tigela. – Obrigado pelo alimento.
– Não precisa agradecer. – O
homem afirmou de forma humilde entregando um talher para Voltten. – Se vocês
vão nos ajudar precisam estar no melhor estado possível.
Após uma refeição rápida,
Voltten vê em sua direção a vir um mini esquadrão guiados por Phineas.
Sem nem mesmo uma troca de
palavras ele se posiciona junto de Glans para seu próximo objetivo. O mago,
apesar do lugar suspeito e ameaçador, tomou certa confiança por aqueles homens
de branco, mesmo eles ainda serem misteriosos e intrigantes.
– Vamos? – A voz calma e rústica de Phineas questionou os dois de forma suave.