No dia seguinte o grupo se
separou. Bolton foi até o templo, tentar atrasar Sir. Gylas, enquanto o resto
dos aventureiros, juntos com Héere, voltaram aos esgotos.
— Ali! — Najla apontou para
frente.
Zanshow tomou um susto e olhou na
direção contraria. Lá de trás Aron também viu o pequeno jacaré seguindo a água
do esgoto, olhava deliciado para a perna do orc. Earwen e Kuoth estavam jogando
jo-ken-pô com Héere e nem repararam no que estava acontecendo.
— Ai! Lagarto morder perna. Sai
lagarto! — O samurai começou a balançar a perna tentando se livrar do bicho.
Aron tentou dizer a Croc que se
aproximasse do filhote já que ele tinha esperança de ser o último da ninhada
dela. Seguindo o comando a sua maneira, ela foi em direção a vítima.
— Lagarto grande malvado! — O orc
urrava de dor. — Ataca outro lagarto! Zanshow não!
Vendo que sua companheira foi no
alvo errado, o meio-elfo tentou acalmar o filhote, que só então se afastou,
voltando para a água.
Zanshow começou a socar a cabeça
da jacaré até que finalmente Aron se voltou para ela e ordenou para que
parasse. O orc olhou com ódio para o meio-elfo, que voltou para o fundo do
grupo — que só naquele momento começava a entender a situação e também olharam
com desaprovação para ele.
Seguiram até chegar a alcova com
a entrada secreta que os levaria ao túnel e então à câmara onde estavam os
halflings e os morcegos.
— Vamos entrar, então? — Najla
perguntou.
— Melhor não, Bolton ainda vai
demorar com o Palada. — Earwen respondeu.
— Nós descansar. — Zanshow se
sentou no chão, machucado depois do ataque da Croc.
— Eu vou atrás do filhote, quero
ver se a Croc o reconhece. — Aron disse, de repente.
— O quê??? — O grupo perguntou.
— Meio-Elfo não vai ajudar? Aron
grande idiota!... Ótimo! Suma!
Aron então se afastou do grupo e
o restante descansou.
Depois de um tempo, entraram. Amarraram
as mãos de Héere, que seguiu ao lado de Zanshow. Por fim, chegaram a câmara,
onde o ancião esperava junto à sua horda.
— Trouxeram o sacrifício?
— Sim.
— Ótimo, ponha-o no altar.
O orc pôs o lefou no altar e o
halfling começou o ritual.
Héere soltou suas mãos com
facilidade, já que Earwen as tinha amarrado frouxamente. Com cuidado, ele sacou
sua adaga e rapidamente atingiu o ancião, que não percebeu nada, um corte tão
rápido quanto preciso, que tirou um pouco de sangue, o suficiente.
No entanto, este descia uma outra
adaga, feita de osso, sobre o altar, em direção ao falso sacrifício.
Apesar do samurai não ter sido
rápido o bastante para tirar a isca do caminho, o próprio lefou conseguiu se
desviar. Surpreso e confuso, o ancião deu sinal para seus súditos atacarem,
enquanto o orc jogava Héere nas costas e saía em disparada.
Os morcegos se agitaram no teto,
um deles, enorme, se agarrou às costas de Héere enquanto eles alcançavam o
túnel.
— Bem, agora é minha vez.
Najla entrou na câmara. Começou a
rezar e raízes brotaram do chão, no entanto, nenhuma delas conseguiu segurar os
halflings.
Todos saíram em disparada,
voltando pelo túnel de onde vieram.
Zanshow passou por Kuoth, que
começou a correr também, o feiticeiro se arrependeu de ter gastado seu poder de
vôo diário horas antes.
Earwen olhou para trás e viu a
câmara sendo fechada por raízes grossas, com Najla ainda lá dentro. Correndo
atrás dos companheiros ele fez a única coisa que acreditava poder fazer.
— A NAJLA FICOU! A NAJLA FICOU! —
Ele gritava para todos e para ninguém, enquanto corria desesperado, sendo
perseguido por morcegos.
***
Héere conseguiu se livrar do
morcego que estava grudado nele, todos continuaram correndo e, viram uma sombra
passando sobre eles. O ladino, que passara pelos companheiros em sua corrida
desesperada, parou de repente.
— Mas que merda é essa? — disse,
apavorado.
À sua frente, uma capa negra
flutuava, seu capuz era como uma boca cheia de dentes afiados, uma cauda de
escorpião balançava embaixo dela.
— CARALHO! É UMA CAPA COM DENTES!
***
Na entrada do túnel, Bolton e o
Paladino de Khalmyr finalmente chegavam para ajudar o grupo. O pequeno
cavaleiro saiu em disparada, montado em Meirelles, passando por Héere no
caminho.
— O que está acontecendo? Onde
estão os outros?
— Atrás.
— Mas o que... — Héere já estava
longe, e Bolton resolveu seguir para ver se encontrava seus amigos.
Da entrada veio a voz de Sir.
Gylas.
— Obrigado, meu caro Sir. Bolton!
Por deixar este para mim! — disse, sacando a espada e indo de encontro a Héere.
Zanshow ouviu aquilo e se
apressou para parar o paladino, com Kuoth sempre em seus calcanhares.
Alcançaram o lefou e o paladino,
viram o exato momento em que Héere conjurava uma magia, sendo acertado pela
espada de Sir Gylas, e desaparecendo em seguida.
— Para onde foi o demônio?
— Ele não importante. Pior
naquela direção. — Zanshow respondeu.
— Cara, aquilo é o
Satanás! – Kuoth falou, exasperado.
— O que é um satanás? — O
paladino perguntou, enquanto corria.
Não esperou por resposta, lá na
frente pode ver Bolton encarando a criatura.
Enquanto isso, três morcegos
gigantes cercaram Earwen, que por um momento pensou se ficava aliviado por
serem morcegos de verdade daquela vez.
Ficou imóvel, arregalou os olhos,
não havia nenhuma saída.
Os morcegos o atacaram e ele caiu
no chão, inconsciente.
Uma batalha se seguiu, a criatura
estranha e os morcegos dando rasantes sobre o grupo que ainda estava de pé.
Parecia que golpes normais não
afetavam o capuz com dentes.
— Você morrerá, Mantor miserável!
— O paladino tomou a criatura como seu adversário.
“ Ah, então é esse o nome da coisa” Kuoth pensou, enquanto se juntava
ao homem para ajudá-lo, soltando cones de metal flamejante sem parar.
Magia...
Earwen acordou e ouviu uma voz no
seu ouvido.
— Fique quieto!
A voz era de Héere, mas não
conseguia vê-lo.
O jovem se arrastou para fora do
alcance dos bichos, encostando-se à parede do túnel. Por algum motivo, não o
atacavam.
Zanshow tomou uma picada do
Mantor, gritou de dor e caiu. Logo depois, sumiu também.
Earwen arregalou os olhos sem
entender. Sentiu uma mão tocar seu braço e a voz do lefou.
— Vamos sair daqui. Esses idiotas
não ligam para ninguém além deles mesmos. Talvez apenas aquele orc tenha algum
senso de honra.
Earwen não concordou muito, já que eles também só estavam pensando neles mesmos naquele momento, mas resolveu não discutir e os dois apenas deram o fora dali.
https://www.facebook.com/events/303398663548724/