Aron chegou à entrada do túnel,
viu a parede de tijolos ser girada, mas não havia ninguém lá. Sem entender, ele
ouviu gritos e sons de luta mais à frente, correu até o grupo.
No túnel, Bolton começava a se
desesperar vendo o Mantor atacando sem parar. Olhou para Kuoth.
— Desintegre esse bicho, por
favor, meu caro Kuoth!
O halfling não entendeu o porquê,
mas os olhos do qareen brilharam, Kuoth sorriu e conjurou seus misseis mais uma
vez, eles atingiram o Mantor com força, causando uma explosão. A criatura deu
um grito horripilante e caiu morto no chão.
Faltando apenas os morcegos,
Bolton e o Paladino partiram para terminar o serviço.
— Najla ainda na câmara. —
Zanshow disse, logo depois de cortar um dos morcegos.
Os que estavam ali se assustaram
com o orc surgindo do nada.
— Sir Gylas. Precisamos ajudar
nossa amiga! — Bolton se virou para o paladino.
— Quantos deles há lá? — O paladino
perguntou.
— Eram 40, aumentou para 20, mas
Zanshow viu bem e eram 89! Quase 6! — disse, com segurança.
O halfling e Sir. Gylas olharam
um para o outro. Bolton sorriu, sem graça, o orc não era conhecido pela sua
inteligência.
— Ele não é muito bom com
números...
O homem supirou e balançou a
cabeça.
— Bem, teremos que voltar para
buscar reforços. Lamento por sua amiga, mas deve estar morta neste momento.
— Entendo.
Por mais que lhe doesse, Bolton
sabia que aquilo era verdade, não tinham como entrar ali no estado em que
estavam. Precisavam de ajuda. Apertou o cabo da espada e a guardou. Bateu nos
flancos de Meirelles e acompanhou os outros que já corriam para fora dalí.
***
Najla estava cercada, era atacada
e atacava de volta ao mesmo tempo em que tentava se curar, recitando orações
para a Deusa das trevas, Tenebra. Por fim, caiu de joelhos, sem energia, sem
forças para se manter em pé. Suava e ofegava.
O ancião se aproximou.
— Você se rende?
— Sim...
— Você é uma cria de Megalokk.
Por que está do lado deles? Deveria estar do nosso! Não pretende entrar no
culto?
— Sempre pretendi! — Seu olhar
mostrava uma sinceridade absurda, ninguém nunca poderia dizer que ela estava
mentindo.
— Bem, se quer entrar para o
culto, Megalokk lhe dará uma grande dádiva.
Um mantor ficou próximo a eles,
flutuando no ar.
— Aceite-o, alimente-o, e ganhe
poder. Do contrário, ele se alimentará de você.
Vendo várias oportunidades
naquele presente e nenhuma saída, Najla abaixou a cabeça.
Aceitou.
***
Finalmente, fora dos esgotos, e
agora visíveis, Héere e Earwen caminhavam pela cidade.
— Muito bem, agora irei realizar
o ritual com o sangue que peguei do líder.
— Quanto tempo até ficar pronto?
— Três dias.
— Tudo bem. Me encontre daqui
três dias então. Fechado?
— Sim.
Com um aperto de mãos, os dois se
separaram e Earwen saiu saltitando e sorrindo.
Chegando a uma taverna no centro
de Thanagard, ele pediu as bebidas mais caras, as mulheres mais lindas, e teve
a melhor noite da sua vida, mesmo ficando muito mais pobre... caramba, depois
daquilo tudo ele estava vivo!
***
Depois de deixar Aron, que estava
passando mal, no albergue. Bolton, Kuoth e Zanshow foram ao templo de Khalmyr
conversar com Sir Gylas. Estavam abatidos pela perda de Najla, mas planejavam
se vingar.
— Vendo aquele bicho, creio que
seja ele que estava atacando as pessoas da cidade, Sir Bolton. — Tocou o ombro
do halfling. — Vocês foram de muita ajuda, senhores. Agora temos que conseguir
reforços para enfrentar aquelas criaturas.
— Sir Gylas, o lefou disse fazer
ritual com sangue de chefe. O que pensar, o senhor? — Zanshow perguntou.
— Não deixem! Dividam-se! Guardem
as entradas dos esgotos! Achem o demônio! Por que vocês estavam andando com
ele?
— Ele pareceu querer ajudar, Sir
Gylas. — Bolton interrompeu.
— Ajudar? Aquilo é uma coisa
ruim. Vocês não podem confiar nele. Um bicho daquele nunca é bom.
— Receio discordar, senhor.
Tínhamos uma amiga como ele.
— Deveria ser má também!
Desistindo de argumentar, Bolton
apenas acompanhou o paladino, enquanto ele arrumava suas coisas e ia para a
porta do templo pegar um cavalo.
— Reunirei cavaleiros para a
empreitada, ficarei fora por algum tempo. Até mais, amigos.
***
Três dias se passaram e o grupo
havia decidido levar Aron até um templo para ser cuidado, sua doença não melhorava
e ele continuava fraco. No caminho, Zanshow puxou Earwen.
— Onde está lefou?
— Deve estar voltando, ele disse
que demoraria três dias para o ritual ficar pronto... por que pergunta, Parede?
— Parede? Parede não, Zanshow.
Olha. — O orc tirou o elmo e apontou para o rosto.
— Sim, sim, eu percebi. — O homem
levou uma mão ao rosto e balançou a cabeça.
—Ótimo. Nós precisamos achar
lefou, lefou pode ser mau, onde lefou está?
— Tinha ido para uma montanha...
nunca o acharíamos.
Zanshow saiu batendo o pé com
raiva e resmungando.
— Eu hein. — Earwen levantou uma
sobrancelha.
Chegando ao templo, deixaram Aron
aos cuidados de uma clériga gentil, que os recebeu com biscoitos. Tentaram não
abusar muito e saíram logo, para que o meio-elfo fosse tratado.
Estavam na porta, quando Najla
apareceu.
— Naj-najla... viva. — Zanshow
arregalou os olhos.
— Não graças a vocês, não é? —
Ela cruzou os braços.
— Buuuuaaaaaaaaaaahhhhhhhh — O
orc correu, abraçou a medusa e tirou-a do chão. — Zanshow promete matar todos
aqueles bichos maus! — dizia, fungando.
— Tá bom, tá bom. Tá perdoado. Só
me põe no chão!
O orc obedeceu. Fungava, enquanto
o resto do grupo tinha a chance de dar as boas-vindas a companheira.
Ela vestia um manto negro com
capuz, diferente do que usava antes, mas ninguém quis perguntar muito sobre o
que tinha acontecido. Provavelmente a amiga ainda estava traumatizada.
No caminho, ficando um pouco para
trás, Earwen foi puxado para um beco escuro por Héere.
— Está pronto.
— Acabou? Quer dizer que deu
certo então? Salvamos a cidade?
— Em breve o líder do culto
receberá um presentinho.
O lefou deu um sorriso perverso e
se foi, deixando o humano confuso e apreensivo.