A sala era grande e muito
espaçosa, assim como o seu dono. Hida Samano, há muitos anos, fora um grande e habilidoso
lutador, e sua poderosa sombra cobria muitos jovens guerreiros dos Caranguejos.
Um homem grande e forte, os seus braços deveriam ser quatro vezes maiores que
os meus, apesar de muito mais flácidos. Vestia um grande e belo quimono marrom,
mas sua obi não podia ser vista, pois sua barriga cobria o tecido; seus cabelos
já não cobriam quase nada, deixando um buraco no topo da cabeça e sua longa
barba ia até o meio do peito.
Enquanto estávamos ali parados,
ele nos olhava um por um e a raiva estava estampada em seu rosto redondo. Por
um momento, eu achei que ele jogaria a mesa de madeira por cima de nós e
partiria com sua arma, ensandecido como um touro furioso. Os Caranguejos haviam
falado que a intriga entre os dois lordes poderia ser maior do que esperávamos,
mas nunca esperara que fosse tanto daquele jeito, pois eu quase podia ver a
palavra ódio envolvida em chamas nos olhos dele.
― Do que
aquele filho da puta está me acusando dessa vez? – ele deu uma tapa na mesa e
eu posso jurar ter ouvido a madeira ranger com o impacto – Roubado alguma de
suas prostitutas?
Eu irei resumir o que aconteceu a
partir de agora. Nos próximos minutos, foram tantos insultos que eu
dificilmente lembraria detalhadamente de quais palavras obscenas e ofensivas
ele usou naquele tempo, mas tudo o que lembro é que ele nem mesmo parava para
tomar algum fôlego ao proferir tais palavras; seu rosto foi ficando vermelho de
raiva a cada segundo, até o sangue parecer a ponto de explodir por sua têmpora.
Depois de minutos de insultos e gritaria, Samano-dono parou para respirar,
ofegando enquanto nos olhava. Ele ainda me parecia assustadoramente irritado
por motivo nenhum, seus olhos tremiam pela raiva e sua respiração era entrecortada.
Nesse momento, ele parecia mais calmo e resolveu abrandar um pouco a voz.
― Qual o
motivo de vocês, cães, estarem em minhas terras? – ele olhou para o Leão.
― Procuramos
uma mulher que vem foragida desde as terras de Doji Haruki. – Akodo-san falou
enquanto fazia uma breve reverência para Samano-dono.
― Ha! – o Daimyo
bufou – Provavelmente uma das vadias que serve ele descobriu que ele não é um
homem!
― Na
verdade, uma ladra, meu senhor. – Karasu o corrigiu e Samano levantou uma das
sobrancelhas enquanto olhava para o Shugenja.
― Ham?! –
ele olhou para os dois Caranguejos em nosso grupo – O que dois filhos do Clã
fazem ajudando um maldito Garça?
―
Infelizmente, nós estávamos na residência de Doji-dono quando o roubo aconteceu...
– o Kuni respondeu rapidamente - Nos propusemos a ajudar na busca.
― E o que
foi roubado da casa daquele maldito? – ele perguntou, olhando para cada um de
nós, mas ergueu uma sobrancelha quando ninguém respondeu. Por alguns instantes,
ele parou para pensar no que poderia ter sido roubado para aquele homem ter
enviado quatro Samurais recuperar um único objeto. Ele acariciou a própria
barba e olhou para o grupo. Havia neles uma luz de raciocínio, o que me fez
ficar levemente espantado, pois era difícil imaginar que uma montanha de
músculos e raiva estivesse em condições de pensar – Não me diga, eu posso
adivinhar. Para ele ter mandado quatro guerreiros, o objeto deve ser muito
importante para ele e aquele porco só tem uma coisa importante, sua daisho.
O Leão
ficou tenso quando ouviu aquilo. Nossa missão deveria ser secreta, mas para mim
não era estranha a ideia de um inimigo jurado de Doji Haruki pensar em algo
assim. Primeiro pelo mesmo motivo que disse antes, Haruki adorava falar sobre o
presente que havia ganhado de Seppun Ayumu. Segundo que por nenhum outro motivo
um grupo tão “grande” de samurais viria sob seu Nome por outro motivo. Se o
propósito fosse espionar, apenas uma pessoa seria o suficiente. Não custou para
os olhos afiados do daimiô notarem a surpresa estampada no rosto de Akodo Ryu e
ele abriu um sorriso malicioso.
Deveria
estar agora pensando em uma forma de usar aquilo a seu favor. Poderia espalhar
vários boatos que destruiriam a imagem de Doji Haruki. Você deve concordar
comigo que alguém que se gaba tanto de um presente chama bastante atenção,
principalmente dos invejosos. Samano gargalhou, batendo a pesada mão a mesa,
chegava até a lacrimejar do tanto que estava se divertindo com aquela situação.
― Bem feito,
maldito Garça, isso que acontece com idiotas que saem inventado essas mentiras
idiotas. – ele continuava gargalhando – O que faz vocês acharem que essa Daisho
é real? Ayumu-sama nunca falou sobre essa Daisho. Pelo que eu conheço aquele
desgraçado, isso pode ser só uma mentira, há anos aquela raposa velha está
querendo elevar sua influência e para ele qualquer meio seria válido. Até hoje
não entendo como Ayumu-sama ainda não fez nada sobre essa historinha.
Nós não
tínhamos como nem porque ir contra as afirmações de Hida Samano, estávamos
apenas fazendo um favor para o seu inimigo, não cabia a nós discutir a
veracidade ou a existência da tal Daisho. Para mim, seria realmente um caso a
ser tratado com o próprio Ayumu, mentira ou não, ele estava envolvido em tal
história. Hida Samano parecia certo que tudo era apenas uma mentira descarada
do Garça.
― Sinto
muito por lhe incomodar com tais assuntos banais Samano-sama, mas infelizmente
o roubo foi real– eu falei calmamente – não nos cabe dizer se é mentira ou não,
apenas devemos recuperar o que foi roubado.
Ele saiu de
seu transe ensandecido com um pequeno tremor e seus olhos viraram-se em minha
direção. Sua expressão mudou de raiva para surpresa e depois para raiva
novamente. Para os Caranguejos havia apenas um outro Clã que odiavam ainda mais
que os Garças e este era o meu Clã. Você vai começar a notar, se ainda já não o
tiver, que os Escorpiões são odiados até pelos piores Clãs. O que podemos fazer?
É a nossa sina.
O daimiô
fechou os olhos e respirou profundamente antes de olhar para mim novamente, tudo
em rápida sucessão, creio que nenhum outro, além de mim, notou isso. Sua
expressão ficou mais amena e levou a mão ao queixo. Havia ainda dúvida quanto a
minha presença junto ao grupo. Ele olhou para os outros, que não pareciam tão
incomodados comigo, e voltou a me olhar, interrogativo.
― E o que
vocês sabem sobre essa ladra? – ele perguntou.
― Pouco,
meu senhor. Tudo o que sabemos é que uma mulher e que foi vista vindo nesta
direção. Ela carregava um pacote comprido ao sair de Tochigi, provavelmente o
que foi roubado, e acreditamos que ela tenha vindo para vossa terra – eu
respondi, com um sorriso, baixando um pouco minha cabeça para ele – e, pelo que
me disseram, apenas uma mulher foi vista entrando recentemente em suas terras.
Levantei os
olhos e notei o incomodo em sua face. Ele parecia não acreditar no que eu
estava falando. O que posso dizer? Havia, sim, algumas distorções na verdade.
Não podíamos afirmar que tudo o que sabíamos, praticamente, provinha das visões
que os kamis haviam concedido, pois ele iria apenas rir. Em seus olhos eu via
dúvida e confusão. Olhando por cima dos ombros, notei que os dois guardas
estavam com o mesmo olhar do seu senhor. A ladra tinha vindo a sua presença?
Por qual motivo?
― De fato,
mas é impossível que ela esteva envolvida com um crime como esses – ele
endireitou-se na cadeira – Ayumi-sama jamais estaria envolvida com algo desse
tipo. Ela é uma Seppun, seria impensável cogitar que ela é uma ladra.
Este nome
causou-me um arrepio, e não apenas em mim, pelo que notei. Seppun Ayumi era um
nome razoavelmente conhecido. Filha do atual Lorde dos Seppun, Ayumu. Não só
isso, ela era dita como um dos gênios de sua geração, alguns anos mais nova que
nós. Sua técnica com espada deixava alguns guerreiros com inveja. Se ela fosse
realmente a ladra que estávamos procurando seria um grande problema. Primeiro
porque em hipótese alguma, alguém de Status inferior pode acusar alguém de
status superior e o “peso” de nossas palavras era completamente diferente. É
costumeiramente dito que a palavra de mil heimins não tem o mesmo peso que
apenas um Samurai e assim por diante na Ordem Celestial.
―
Samano-sama, se o que você diz é verdade, temos mais um motivo para
continuarmos investigando – Akodo-san deu um passo à frente – precisamos limpar
o nome de Lady Ayumi. Por favor, nos conceda o direito de atravessarmos suas
terras em busca da ladra.
Samano
ficou pensativo por um longo tempo. Ele realmente não estava muito preocupado
com a ladra prejudicando seu inimigo. Muito pelo contrário, ele até poderia
ajudá-la com isso pelo que sei, mas estar de alguma forma, mesmo que
indiretamente, fazendo Ayumi tornar-se suspeita de seu ato vil, isso sim era um
problema. O daimiô passou novamente os olhos por cada um de nós e parou
especialmente sobre mim.
Ele ainda
parecia muito desconfiado e não parecia querer permitir que um Escorpião
andasse livremente por suas terras sem que tivesse total conhecimento de onde
ele estivesse. Seus olhos ergueram-se até um dos guardas, ele parecia pensar em
mandar um deles para nos seguir, mas desistiu. Ainda estava muito ocupado com o
último ataque à vila e precisava de toda mão de obra disponível, não poderia se
dar ao luxo de libertar um dos guardas para nos acompanhar. Voltou a olhar para
o Leão e assentiu.
― Se esse é
o caso eu irei conceder a vocês o direito de passarem livremente por minhas
terras. – ele fez um sinal para um dos guardas – Um ato como esse não deve sair
impune.Eu não me importo o que vá ser feito com essa ladra, isso é decisão de
vocês. Mandarei um de meus homens com os documentos de viagem, vocês devem
ficar na estalagem até lá.
Nós
curvamo-nos para o daimiô antes de sairmos. Do lado de fora do QG ainda se
podia ver a correria pelas ruas da vila e uma imensa fogueira que iluminava boa
parte da cidade através do portão da vila. Montando em nossos cavalos fomos
rapidamente para a única pousada disponível ali, mas eu tomei um rumo diferente
antes de ir para lá. Fui tomar um pouco de saquê. O prédio era praticamente
vizinho então não havia porque não dar uma passada antes
Deixei o
cavalo à porta, amarrando-o para que não saísse andando pela vila. Ao entrar,
notei o quão decadente era o lugar, se fôssemos comparar à casa de chá em
Tochigi ou a qualquer lugar decente, na verdade. As mesas eram velhas e algumas
não deveriam estar mais sendo usadas. Havia uma fina camada de poeira que ia
aumentando conformo as mesas não iam sendo usadas. Posso jurar que uma das mesas
só teria jeito se ateassem fogo a ela. Quando o dono do lugar, um velho heimin,
viu-me entrar sua expressão cansada forçou o melhor sorriso banguela que pode.
Os poucos cabelos que tinha na cabeça eram brancos como algodão e desgrenhados,
parecia estar a anos sem saber o que era pentear-se. O velho homem passou as
mãos pelas roupas e pelos cabelos para ficar mais apresentável e fez-me uma
longa reverencia.
Fazia dias
que ninguém parava ali para tomar um pouco de saquê e agora provavelmente
passariam mais algum tempo sem vir depois desse ataque dos goblins. Antes que
pudesse sentar o velho limpou o melhor que pode uma das mesas e trouxe uma
cadeira nova, onde finalmente sentei. O cheiro de lugar fechado e mofo estava
forte no lugar, mas ainda se podia sentir um bom cheiro de saquê vindo por de
trás do balão.
― Traga-me
uma garrafa de saquê – disse para ele.
O homem
abriu um sorriso ainda maior e quase saltou por cima do balcão, trazendo em
seguida uma garrafa ovalada, preta e fosca. Olhei bem para a garrafa, agora em
minhas mãos, virei meus olhos para o heimin, perguntando que tipo de saquê era
aquele, pois nunca o tinha visto antes. Fui abrindo o nó cuidadosamente, senti
o suave cheiro da bebida e olhei novamente para ele surpreso. Como um
apreciador de saquê eu sabia dizer apenas pelo cheiro se ele era bom ou não, e
aquele saquê era ótimo.
― Ele ainda
não tem um nome meu senhor – ele disse um pouco envergonhado – eu o produzi não
muito tempo atrás, mas ainda não o oferecia a mais ninguém.
― Isso pode
ser um achado e tanto – disse colocando um pouco ao choko que me foi dado – O
cheiro é muito bom, mas a aparência não é tão boa assim.
― Meu
senhor parece entender muito de saquê – o homem disse de cabeça baixa.
― Meu pai
me ensinou tudo o que sei – disse, ainda olhando para o copo – uma das poucas
coisas boas que aquele homem me ensinou.
Continuei
olhando para o saquê um pouco incomodado, a cor não me agradava por algum
motivo, mas eu não sei até agora como dizer isso. Era apenas instinto, se é que
posso dizer assim. Tomando um gole eu senti um gosto terrível que não suavizou
depois de descer pela garganta. Era forte, mas não tinha um gosto muito bom.
Olhei para o homem com um pouco de tristeza e balancei a cabeça. Seus ombros
caíram, mas rapidamente eu o confortei. Ninguém conseguia de primeira, mas eu
poderia dar-lhe uma pequena ajuda. Meu interesse em tudo isso? Vai demorar
muito para você entender, mas eu posso garantir que você irá, eventualmente.
Passei algum tempo conversando com ele, explicando alguns cuidados que deveria
ter para produzir um bom saquê. O homem ficou maravilhado com as cosias que
falei, pois ele tinha aprendido sozinho até agora, apenas na tentativa e erro.
Nossa
conversa se estendeu e abrangeu vários assuntos cotidianos até que toquei
naquilo que me interessava naquele momento. Perguntei para ela sobre aquela
noite na vila, se alguém estranho havia chegado carregando algo suspeito. Dei
uma breve discrição da mulher e o homem reagiu imediatamente. Ele disse ter
apenas ouvido um menino falar que uma bela mulher havia chegado a cavalo não mais
que uma hora atrás. A mulher parecia, de fato, carregar alguma coisa nos
braços, mas estava coberto e não tinha conseguido ver do que se tratava. Também
me disse que havia apenas um lugar onde ela poderia ficar, a mesma estalagem
que passaríamos a noite.
Suspirei. Não
havia conseguido tantas informações úteis dele, mas pelo menos poderia ser o
caso de encontrar alguém que produziria um bom saquê. Comprei uma garrafa de
saquê antes de sair e disse a ele que voltaria assim que pudesse para
compartilharmos mais histórias. O velho curvou-se longamente para mim enquanto
saia e fui até o cavalo, soltei-o. Levei-o, a pé mesmo, até a estalagem, onde o
amarrei novamente junto aos cavalos de meus companheiros de viagem.
Na
estalagem, os três, Akodo Ryu, Kuni Karasu e Hida Hyato, foram recebidos por um
heimin. Ele era bem mais jovem que o dono da casa de saquê, mas ainda era mais
velho que todos eles. O homem curvou-se para os recém-chegados e ofereceu
quartos para passar a noite. O Leão perguntou se mais alguém havia chegado
àquela vila na mesma noite e o homem confirmou com um aceno que uma mulher
havia chegado às pressas não muito tempo antes que eles, mas que, devido à
expressão que ela fizera, já deveria estar dormindo, pois parecia muito cansada
e fraca da viagem que havia feito.
Kuni Karasu
não deu muita atenção ao que o heimin falava, logo passou por ele, avisando que
iria tomar banho e não esperou uma resposta. Ryu ficou à porta para vigiar e
recebeu-me com um pequeno aceno de cabeça. Compartilhei com ele o que tinha
descoberto e ele me disse que o dono do lugar já tinha falado da tal mulher.
Trocamos mais algumas palavras antes de um homem ser avistado por nós. Ele
vinha rapidamente na direção da estalagem e olhava fixamente para nós dois, ao
chegar mais perto, ele fez uma pequena reverência e apresentou-se para nós.
O que
falarei agora trata-se de uma suspeita antiga que ficou em minha mente por
muitos anos. Não tenho certeza da veracidade disso, mas prefiro pensar assim
até hoje, afinal, um pouco de cuidado nunca é demais. Samano mandou um bushi
dos Hiruma para nos auxiliar, o que é um termo errado, no meu pensamento,
vigiar caberia melhor. O daimiô ainda estava muito desconfiado de nossas reais
intenções ali, então para mim isso era apenas um cuidado normal que qualquer um
deveria ter. Ouso dizer que desconfiava ainda mais de mim. Mandou então aquele
homem para ficar de olho em nossas atividades, mas como disse antes isso era
apenas uma suspeita minha. O que de maneira nenhuma diminuiu a relação que
tivemos. Não posso falar de suas reais intenções, mas posso falar que ele foi e
ainda é um aliado que prezo bastante.
Hiruma Seta
era um homem baixinho, mas tinha um corpo bem largo para ao seu tamanho, cabelo
raspado e um aspecto sério. Mas era apenas o aspecto, ele ria algumas vezes e,
como um Caranguejo, ele era arrogante. Mas quer saber? Sua arrogância não o
fazia se tornar uma pessoa ruim de se conviver. Ele tinha uma enorme cicatriz
no pescoço que o havia deixado mudo, então a única maneira que ele tinha para
se comunicar ela pela escrita. Puxando algumas folhas de papel e um carvão, ele
explicou que estava ali para nos acompanhar com o problema da ladra e nos
entregar os papeis de viagem nas terras do Caranguejo. Algum tempo mais tarde,
depois de várias vezes trabalhando juntos eu desenvolvi, junto a Kuni Karasu,
uma forma de nos comunicarmos com o Hiruma por gestos, assim a conversa com ele
passou a fluir muito mais rápido.
Quase uma
hora depois, Kuni Karasu voltou, depois de tomar banho e se maquiar novamente.
Vários de nós já estávamos impacientes com aquilo e por algumas vezes pensamos
em deixá-lo para trás, mas o Leão e eu concordamos que fazer o grupo se separar
seria um erro, então resolvemos esperar ele terminar com suas... necessidades
especiais. Apresentamos Hiruma Seta aos outros durante a hora que o Shugenja
nos fez esperar e deixamos Hiruma Seta a par do que estava acontecendo. Tomamos
cuidado para não levantarmos muito a voz por que ainda acreditávamos que a
ladra poderia estar na estalagem. Seguindo o conselho de Akodo Ryuu nós
resolvemos invadir o quarto. O Heimin quis nos impedir, mas sob o olhar
intimidador de Hida Hiato o homem quase chorou de medo.
HIruma e eu
iríamos pelo lado de fora, o Heimin havia falado que todos os quartos tinham uma
janela que dava para a rual, enquanto os outros três iriam abrir a porta.
Seguindo atrás de mim, eu pude notar o olhar intrigado de Hiruma Seta nas
minhas costas enquanto eu andava sem fazer nenhum barulho. Em um momento de
tensão colocamos as mãos sobre as espadas e avançamos para a janela. Estando
aberta, não precisamos nos preocupar em fazer barulho com as trancas, mas ao
olhar para dentro a surpresa tomou-nos, o quarto estava vazio.
― Droga, ela fugiu! – eu disse avisando os outros que estavam do outro lado da porta corrediça.