Rael
ficou com Beatriz até ela poder se vestir. Depois que o poder dela finalmente
ficou controlável, ele a levou para a nova casa dela com família Reis. Ele a
deixou sob os cuidados de Valda, que rapidamente correu com a moça para arrumar
um quarto para ela.
Deixando a moça, Rael partiu para
a casa da residência Alencar. Ele entrou e já foi procurando por Janete. Janete
veio toda animada na direção de Rael, a mulher estava bem arrumada com um
vestido verde que ela ganhou de Neide. Estava até usando algumas jóias que
certamente a família dela não teria, tudo ganhado de Neide. Janete quis ficar o
mais bonita possível, sabendo que Rael estaria sozinho na cidade, a mulher
queria pelo menos ter a chance de atrair o coração do rapaz.
― Essas roupas...? ― Rael
perguntou curioso.
― Eu ganhei da sua sogra, você
gostou? ― perguntou ela de volta com expectativa.
― Ficou bem em você. Venha
comigo. ― disse Rael, ele se virou subindo as escadas, Janete subiu atrás.
Rael não entrou em um dos
quartos, ele se dirigiu para a varanda e Janete o seguiu com o coração
saltitando, a mulher pensava que Rael iria cumprir o que haviam combinado antes.
Quando os dois estavam na
varanda, o ar ficou turvo e Violeta apareceu, surpreendendo Janete:
― Quem é ela? ― perguntou Janete
chocada.
― Essa é a minha mestra, Violeta.
― respondeu Rael. Isso acalmou Janete mas ainda a deixou um pouco sem jeito,
isso porque ela pensava que estaria a sós com Rael.
― Você tem mesmo certeza que quer
fazer isso? ― perguntou Violeta olhando Rael. Janete ficou parada sem fazer
ideia do que ela falava. Janete estava muito admirada com a beleza de Violeta,
e quem não ficaria?
― Tenho certeza. ― disse Rael e
se virou, dando as costas para Janete. Janete ainda fitava Violeta
impressionada.
― Janete, olhe para os meus
olhos. ― Violeta concentrou seu poder enquanto iniciava sua hipnose e Janete
facilmente entrou no estado de transe enquanto via a estrela escura girando
dentro da íris vermelha de Violeta.
― Agora você está sobre o meu
controle e responderá todas as minhas perguntas. Quero que me diga: o que você
sente por Samuel? ― perguntou Violeta. Janete permanecia olhando os olhos de
Violeta, mas parecia estar com a mente em outro lugar.
― O Samuel é meu salvador, eu me
sinto agradecida e apaixonada. Daria a minha vida se ele precisasse dela. Eu o
amo do fundo de minha alma. ― disse a mulher com a voz arrastada. Violeta olhou
para Rael de lado mas o mesmo continuava olhando a cidade. Rael estava com o
coração apertado por fazer isso, mas ele sabia que era necessário. Janete
merecia alguém que fosse realmente ficar com ela.
Como Rael não disse uma palavra,
Violeta entendeu que deveria mesmo continuar. Violeta sentia ciúmes, é claro,
mas ela conseguia se controlar por saber que isso era parte da maldição e,
portanto, ela não tinha nenhuma raiva real de Janete.
― A partir de agora, você não ama
mais Samuel, nem tão pouco está apaixonada por ele. Tudo que você sente por ele
é gratidão e amizade por ter salvado você e sua família. O que você tem por
Samuel a partir de agora é lealdade como uma amiga. ― disse Violeta e esperou.
― Sim, você está certa. Samuel é
agora um amigo, ao qual eu devo minha lealdade. ― disse Janete com a voz
arrastada.
― Eu deixarei um comando mental
em você, Janete: Se você ouvir Rael dizer “Janete, eu liberto você da Hipnose”,
então você esquecerá de toda a hipnose e voltará a ter os mesmos sentimentos de
antes dessa hipnose. ― disse Violeta, e isso fez Rael se virar surpreso pra
ela. ― Agora, você pode voltar ao normal. ― disse Violeta e fechou seus olhos.
Janete piscou algumas vezes para
recobrar a consciência e viu somente Rael à sua frente. Violeta já havia sumido:
― Samuel? O que estamos fazendo
aqui? ― perguntou a mulher curiosa. O olhar dela sobre Rael já não tinha mais
aquele brilho. Era um olhar simples, de respeito e admiração, diferente de
antes, que era quente e amoroso.
― Apenas olhando a cidade. ―
disfarçou Rael.
― Você pretende ficar muito tempo
por aqui?
― Vou embora em breve, irei
apenas terminar de aprontar suas irmãs e sua mãe para serem minhas novas
discípulas. ― disse Rael.
― Isso vai ser muito bom! ― disse
Janete sorrindo.
― Sim... ― concordou Rael sorrindo
de volta.
― Se precisar de mim, eu estarei
lá embaixo. ― disse ela e saiu caminhando tranquilamente. Se fosse antes, ela
não sairia de perto de Rael assim. Ela jamais perderia uma chance de ficar
sozinha com ele.
― Violeta, porque você deixou
esse comando nela? O que estava pensando? ― perguntou Rael, que sabia que
Violeta ainda estava ouvindo tudo.
― Porque se você mudar de ideia,
você poderá voltar atrás ― disse Violeta sem sair do seu esconderijo.
― Eu nunca vou mudar de ideia. ―
disse Rael de volta. Violeta ficou apenas em silêncio.
Rael reuniu as irmãs e a mãe de
Janete, fazendo a mesma proposta. Elas aceitaram o mais rápido possível, toda
família Alencar era composta de cultivadores e Rael tomou todos como seus
discípulos, preparando tudo: Veias, pontos de poder, anéis, pílulas e técnicas
de cultivos.
Quando ele finalizou todo o
processo, já era mais de meia noite. Rael tinha marcado todos também, dando
entrada para a residência de Ana e avisado a todos que, se houvesse sinais de
perigo, eles deveriam se esconder lá.
Rael também deu a todos anéis de
comunicação e explicou seu uso. Só depois disso que Rael se despediu e deixou o
clã, sendo levado por Violeta.
Somando a família de Janete, que
tinha um total de onze membros, com Laís, Ana e Beatriz, Rael agora tinha um
total de 14 discípulos, composto por seis homens e oito mulheres.
Violeta continuava levando Rael
para o clã Torres. Rael tinha pedido para ela o levar até próximo a cidade e
depois ela poderia voltar para o esconderijo.
― O que vai fazer agora? ― perguntou
Violeta.
― Vou ficar um tempo com minhas
esposas e repousar. Esperarei Alexia aparecer para ver o que podemos fazer
sobre os ancestrais. ― explicou Rael.
― Eu aconselho você a não sair do
clã por alguns dias até tudo se resolver e você aumentar de poder. No estado
que deixamos o patriarca Arthur, não sabemos o que ele pode querer fazer. Se
você quiser, eu posso matá-lo. ― disse Violeta.
― Se no futuro eu não puder lidar
com ele, então não serei digno de ter vocês ao meu lado. Eu quero continuar
crescendo e avançando poder, ter ele como um inimigo só vai fazer eu me
esforçar mais. ― disse Rael.
― Sim. Você deve crescer, mas não
corra riscos desnecessários. ― disse Violeta.
― Eu não correrei, tenho minha
sogra que é de minha total confiança se caso algo der errado. Mas eu não quero
depender da força de ninguém, eu mesmo quero superar Arthur. E claro, não vou
deixar mais ninguém correr riscos como antes. ― disse Rael.
No clã Sangnos, os elders haviam
se reunido a pedido do patriarca e todos estavam sentados em poltronas em volta
da grande mesa da sala de reunião. Ninguém conversava ou cochichava em
respeito. O patriarca Arthur calmamente ajeitava uma pilha de papéis, tentando
buscar toda calma do mundo para o que viria a seguir.
O patriarca Arthur tinha feito de
tudo para tentar recuperar a virilidade do filho nos últimos dias. Juntou os
melhores médicos curandeiros do clã e nada pôde ser feito, eles não tinham
qualquer resposta de uma possível cura. E mesmo se ele curasse o filho, ainda
não poderia fundir o clã com outras duas família, após perder a sua filha Beatriz.
Tomado por esse caminho, Arthur decidiu que deveria nomear outro patriarca e se
tornar um elder. E quem melhor pra esse cargo do que seu homem de maior
confiança?
― Eu decidi transferir meu cargo
de patriarca para o elder Ariel devido aos últimos problemas.Eu não possuo mais
herdeiros, e isso torna impossível para que eu continue na liderança. ― disse
Arthur, sendo direto após deixar os papéis pousados na mesa. Ele correu sua
visão sobre cada elder e esperou pacientemente a suposta votação.
Quem não tinha escutado a
história de Rael tomando Beatriz? Ou quem não sabia sobre o problema de
Alexandre, depois de verem dezenas de curandeiros entrando e saindo do clã? O
patriarca nunca pensou em negar tal fato e nem queria, ele estava pronto para
passar seu posto adiante e correr atrás de seu único desejo naquele momento:
Vingança. Deixar um amigo leal no poder era somente um meio termo para o caso
dele voltar vivo depois de exterminar Rael.
Ariel tinha Samara como filha e
mais dois filhos homens que estavam em treinamento, isso tornava ele perfeito
para ser novo patriarca, todos os seus filhos eram maiores de idades e
solteiros.
Os elders se olharam, eles não
aceitavam a ideia tão facilmente como Arthur, mas o que poderiam fazer? Eles
poderiam tentar opinar outra pessoa, mas nem todos tinham os mesmos ideais, e
quem seria louco de ir contra a opinião do atual patriarca, que era o único em
todo o clã no décimo terceiro reino? Além disso, eles pensaram e seria muito
mais prudente apoiar o novo futuro patriarca:
― Tem meu total apoio sobre essa
questão! ― disse o primeiro.
― Ninguém melhor do que o grande
elder Ariel para assumir tal fardo! ― disse outro.
― O patriarca fez a melhor
escolha possível!
― Foi uma grande e sábia escolha!
Trinta minutos depois, toda a
reunião já estava encerrada e todos os elders já haviam se retirado ficando
apenas Arthur e Ariel, que assumiria o papel de patriarca a partir do dia
seguinte:
― O que vai fazer, velho amigo? ―
perguntou Ariel depois de um tempo.
― O que você acha? Eu vou acabar
com aquele moleque! ― disse Arthur, enquanto analisava alguns itens de seu
bracelete.
― Se o senhor fizer algo, a
mestra dele virá nos destruir. Isso não é uma boa ideia.
― Porque ela viria? Eu, não sendo
mais o patriarca, não devo mais nada a ela. Se algo acontecer, você pode me
considerar um desertor, assim vocês ainda terão uma defesa.
― Velho amigo, tenha calma, não
seja precipitado. Se quer tanto assim uma vingança, eu o ajudarei e farei de
uma forma que você não precise se arriscar. ― disse Ariel.
― De que forma, Ariel? Já
tentamos contratar um assassino e veja a merda que deu.
― O senhor se lembra da primeira
opção que eu dei antes? Aquela assassina cobra caro, mas nunca falhou em nenhum
assassinato. Ela mata até mesmo pessoas acima de seu próprio reino.
― A tal da Dama... ― lembrou
Arthur.
― Sim, eu ainda tenho o anel de
comunicação para falar com ela. O preço que ela deu para tirar a cabeça do
jovem mestre Samuel foi de duzentas mil moedas de ouro, pagando metade antes e
metade depois do serviço. Ela também não tem qualquer registro da alma, o que a
torna perfeita para os nossos planos.
Arthur antes havia recusado ela
exatamente devido o preço exuberante,mas agora que ele estava furioso, dinheiro
não era mais um problema.
― Certo! Chame essa mulher aqui e
acerte tudo com ela. E se ela não conseguir, eu mesmo matarei esse moleque! ―
disse Arthur.
― Não se preocupe, ela não
falhará. Ela tem um histórico de quarenta dois pedidos, todos com 100% de
sucesso. Ela não cobra caro atoa.
Há alguns quilômetros de
distância do clã Sangnos, uma pequena cidade se situava cercada por um longo
rio. Subindo um pouco os caminhos montanhosos depois do rio havia uma espécie
de templo, era uma imensa construção toda feita de madeira. No quintal dessa
construção, tinha uma estátua oferecida a um deus desconhecido. E em frente a
ela, estava uma mulher ajoelhada, de olhos fechados e mãos juntas em forma de
oração.
Ela era uma mulher tímida e por
isso morava afastada da cidade, preferindo se manter solitária e longe dos
demais.
Ao longo do quintal podia-se ver
plantações de frutas e legumes. Por dentro, o templo era bem cuidado e bem
limpo, a Dama não possuía escravos e fazia todo trabalho sozinha.
Ela se mantinha concentrada
orando e não percebeu a presença de um indivíduo mascarado chegando por trás
dela. A sombra do indivíduo a cobriu devido ao intenso brilho da lua no céu:
― Keylla, pare com essa oração
agora. Eu preciso de você. ― disse o homem por trás da máscara. Quando a mulher
o ouviu, se estremeceu e parou tudo que estava fazendo. Ela mergulhou de lado e
se arrastou para a parede, fugindo o mais rápido que podia:
― Você de novo! Por favor, me
deixe em paz! Eu não fiz nada contra você! ― a moça gritou assustada e se
encolheu na parede, a medida que o homem se aproximava tirando algo do bracelete.
Ele achava uma pena essa mulher
ter problemas de personalidade porque ela era, com certeza, muito atraente.
Seus olhos eram azuis claros como o céu e brilhavam mesmo agora a noite, seu
rosto era impecavelmente lindo, sem esquecer de uma pinta sexy do lado direito
de seus lábios. Ela era perfeita em corpo, com curvas de tirar o fôlego e seu
jeito de menina assustada ou inocente como agora despertava nos homens o desejo
de se tornarem feras e atacar essa moça que parecia indefesa. Mas os que se
atreveram a tal ato certamente não fariam novamente, mesmo se ainda tivessem
vidas:
― Eu não sei porque sempre me
mandam pra passar as novas ordens a você. ― reclamou o homem, enquanto segurava
agora um espelho em mãos.
― Por favor, apenas me deixe em
paz! Me perdoe se eu fiz algo de errado para com o senhor mascarado! ― disse
ela se tremendo. E não era mentira, Keylla, a “Dama”, realmente estava
apavorada com o homem à frente.
― Eu só quero que dê uma olhada
aqui. ― disse o homem, apontando o espelho para ela com uma mão e com a outra,
ele usou seu elemento Luz para poder clarear o local e ela poder se ver no
reflexo.
Keylla começou olhando o próprio
reflexo com medo enquanto se tremia mas, em segundos, o medo desapareceu de sua
face, seu rosto foi tomado por uma expressão séria que se tornou fria. Em
seguida, ela sorriu como uma deusa da guerra e se levantou em um salto. O homem
imediatamente guardou o espelho:
― O que tem para mim hoje? ―
perguntou ela em tom animado. Nem parecia mais com a mulher tímida e assustada
de agora a pouco. Agora ela era uma mulher ousada, sem medo e sem um pingo de
vergonha.
O homem tirou um papel do
bracelete e apresentou a mesma:
― O pedido da cabeça do jovem
mestre Samuel foi confirmado. O patriarca Arthur mandou que você comparecesse o
mais breve possível ao clã Sangnos para acertar os detalhes.
― Huum... parece que eu terei
alguma diversão por esses dias. ― disse ela e passou sensualmente a língua em
volta do lábio superior. Ela guardou o papel e se virou caminhando para dentro
do templo.
― Agora você já pode ir. Vou me
aprontar e já estarei indo visitar o patriarca para saber dos detalhes. ― disse
a mesma lá de dentro. O homem de máscara escura, fez uma reverência de respeito
mesmo ela não vendo e se retirou.
Keylla sorria enquanto tirava o
vestido exagerado que cobria muito a sua pele. Ela queria uma roupa mais
confortável, onde ficasse mais a vontade e também pudesse exibir melhor a sua
beleza. Não era porque ela era uma assassina que iria andar toda embalada:
― ‘O que se é bonito, tem que ser
visto!’ ― pensou ela sorrindo enquanto se trocava.
Ela não demorou para vestir uma
saia de couro escura apertada nas coxas e um par de botas no mesmo tom de cor.
Em seguida, ela vestiu uma blusa escura de couro e passou um cinto de prata
sobre a saia. Depois, ela abotoou dois botões, apertando mais a blusa na altura
do peito e lançou seus longos e belos cabelos para trás. Ela não se olhou no
espelho porque teria sérios problemas, mas ela sabia o quanto estava bonita.
Por último, ela pegou sua máscara branca com um sorriso vermelho e a levou ao
rosto:
― Matar um jovem mestre do clã Torres não será uma tarefa fácil. Acho que vou me divertir muito hahahahaha! ― disse a mesma rindo enquanto se virava deixando seus cabelos fazerem uma curva no ar.