Naquela noite, Rael não voltou pra casa,
em vez disso seguiu para o esconderijo com Ralf.
Ele estava
extremamente deprimido e irritado. Em poucos dias ele descobriu que sua força
atual não estava sendo de nada.
Se não fosse pela
ajuda de Ralf, já poderia ter sido morto.
Quando
entrou na cozinha encontrou Violeta trabalhando em um bracelete que flutuava
acima da mesa e girava em volta lentamente. Ela estava com as mãos sobre o
bracelete, a aura vermelha do corpo dela envolvia o bracelete através de uma
ligação em linhas brilhantes, parecia estar encravando pequenas linhas que
formavam símbolos. Ao ver Rael ela parou todo o processo deixando o bracelete
voltar para a mesa enquanto baixava suas mãos e deixava a aura em seu corpo se
acalmar.
― Não esperava uma visita sua hoje ―
disse ela dando atenção a Rael.
Dessa vez ele não
veio abraçá-la como da primeira. Ele não estava com muito pique pra isso.
Estava com raiva, porque se sentia enganado.
Violeta
se aproximou de Rael com um ar curioso, dificilmente Rael aparecia com uma
expressão desanimada.
― Violeta, Mara tem apenas 19 anos e está
atualmente no quarto reino. Como isso pode acontecer? Você me disse que eu era
a pessoa com crescimento mais rápido, não disse? Como ela parece está tão a
frente de mim? Isso, sem mencionar o fato que quase já fui morto. Eu estou
fraco, quando comparado a outros meu poder não é nada ― disse Rael soltando
tudo de uma vez.
― Eu disse que seu crescimento normal
seria mais rápido do que qualquer outra pessoa, mas não disse que não havia
outros meios de ficar forte. Os inimigos parecem fortes? Você não estava tão
certo que conseguiria acabar com todos? Agora você percebe porque pedi pra você
ir com calma? ― disse Violeta olhando Rael com um ar sério. Rael continuava
irritado.
― Mas você me disse que eu estava forte!
Então aquilo foi apenas para me enganar? ― perguntou Rael inconformado.
― Eu disse sim, pra sua idade você está
forte. E Mara é quatro anos mais velha, então necessariamente ela não está
acima de você.
― Mesmo assim! Eu não me vejo vencendo
essa mulher de 19 anos, isso não era para acontecer! ― disse Rael novamente.
― Existem outras formas de aumentar o
cultivo além de usar pílulas, pessoas normais podem usar diversos outros
métodos. Ela é do seu antigo clã, um clã poderoso com muitos meios de aumentar
a força de seus membros. Ela certamente tem um forte apoio por trás. Embora eu
conheça formas de aumentar o cultivo mais rápido, eu não posso dizer o que ela
fez, até vê-la pessoalmente.
― E eu? Como eu aumento meu poder? Eu não
posso continuar fraco dessa maneira! ― reclamou Rael.
― Você não matou ninguém até agora? Para
quem tem tanta sede de vingança é inevitável não deixar alguns corpos pelo
caminho ― disse Violeta em tom um pouco sensual.
― O que você quer dizer com isso?
― Você herdou uma pequena parcela do meu
poder e com isso algumas habilidades da minha linhagem. Se você tivesse matado
alguém saberia do que eu estou falando.
― Se eu matar alguém posso aumentar minha
força? Por que você não me disse isso antes? ― perguntou Rael surpreso.
Todas as mortes
até agora tinham sido provocadas por Ralf no fim das contas.
― Não achei que fosse necessário explicar
uma coisa que você aprenderia sozinho. O caminho que você está fazendo é
impossível não matar ― disse ela e olhou para o lado.
― Então se eu matar alguém meu poder irá
aumentar. Há algo a mais que você não quis mencionar e que eu deveria descobrir
sozinho?
― Sobre o seu braço, mas acho que já
disse isso uma vez ― disse Violeta e então se virou de volta pra Rael com um
meio sorriso. ― Você está com um cheiro diferente, andou se divertindo?
― Aconteceu algumas coisas ― disse Rael
se lembrando de Mara e ficou sem graça.
O que era
estranho. Ele achava que não podia contar isso a Violeta, mas não entendia o
motivo.
― Você finalmente está aprendendo algo
novo, isso é bom ― disse Violeta satisfeita.
― Não, não foi bom! Por um momento eu
esqueci até da minha vingança, e isso ainda por cima com uma mulher que eu
odeio ― reclamou Rael de volta.
― Ah então foi com Mara, muito bem, vejo
que você está seguindo bem as minhas dicas ― disse Violeta sorrindo.
Rael ficou em
silêncio por um momento percebendo que tinha falado demais.
― Sobre isso, eu não me sinto bem falando
desse assunto. Não sei porque ― explicou Rael meio sem jeito.
― Tudo bem, não precisa ficar preocupado,
eu disse que você deveria descobrir sozinho lembra? Isso foi mais uma ordem ―
disse ela de volta e bateu com a mão despreocupadamente no o peito de Rael.
Rael
se lembrou do bracelete nas costas de Violeta. Ele nunca tinha visto ela
trabalhando com artefatos mágicos antes.
― Aquilo é um bracelete do infinito? ―
perguntou Rael até mesmo para mudar o rumo da conversa, ele não estava se
sentindo muito a vontade em continuar.
Um Bracelete do
infinito geralmente costuma ter cerca de um símbolo implantado no metal pelo
lado de dentro, esse em que Violeta trabalhava, era amarelo e tinha cerca de
três símbolos estranhos do lado de fora.
― Não, é um bracelete redutivo. Ele é pra
você, mas ainda não terminei os procedimentos para mudança de raça ― disse
Violeta estendendo a mão no ar na direção do bracelete.
O bracelete
vibrou, se moveu subindo no ar e foi parar na mão de Violeta.
― Bracelete redutivo... ― repetiu Rael,
que apesar de conhecer não se lembrava de onde.
Geralmente um
bracelete redutivo é usado como meio de defesa. Ele pode aumentar a defesa de
um determinado elemento para o usuário. Porém o uso desses braceletes são para
cultivadores dos mais altos níveis, Rael não conseguia se imaginar podendo usar
um, por conta de seu nível atual.
― Mas eu não posso usar esse tipo de
bracelete ― disse Rael aceitando o bracelete que foi passado para sua mão por
Violeta.
Os símbolos
tinham estranhas caracterizas pontudas e afiadas. Isso ele não entendia. Rael
também sentiu uma aura estranhamente familiar embora não fosse tão clara.
― Está aí uma coisa que você está errado.
As regras normais não valem pra você, apesar de não poder usar pilulas para
acelerar o cultivo, você pode matar pra conseguir poder. Enquanto outros
precisam esperar uma eternidade para usar um desses, você pode usar desde o
início do cultivo ― disse Violeta. Rael apenas devolveu o bracelete de volta.
― Eu não sabia que você também criava
esse tipo de coisa ― disse Rael.
― Eu não crio, isso foi um presente. A
única coisa que estou fazendo é alterando a base principal dele ― respondeu
Violeta.
Rael
ficou com vontade de perguntar de quem ela ganhou isso, porque ele não se
lembrava de ninguém que pudesse ter contato com ela além de Seimon.
Mesmo que ele não
aceitasse o fato, Violeta tinha contatos com pessoas normais também, embora
ninguém soubesse quem ela era de verdade.
― Você não vai voltar pra casa? Sua nova
família deve estar preocupada ― disse ela depositando o bracelete de volta em
cima da mesa.
― Então desde que eu tire vidas, meu
poder crescerá? ― perguntou Rael para confirmar.
― Qualquer tipo de vida, humanas, bestas,
demônios, etc. Você obterá uma pequena parcela do poder da vítima.
― Entendi ― disse Rael pensativo. Ele já
deveria ter descoberto isso se não fosse pelo uso de Ralf.
― Se quiser matar pessoas eu tenho uma
solução adequada ― disse Violeta.
― Qual seria? ― perguntou Rael de volta.
― Junte-se a guilda Imperial. Ela tem
várias sedes em todo o continente sul, você pode pegar missões para matar
bestas, proteger pessoas e caravanas, e até mesmo assassinar pessoas que estão
fora da lei. Além de matar e conseguir uma parcela do poder da vítima, você
conseguirá respeito, reconhecimento e algum dinheiro ― explicou Violeta.
― Me parece um bom negócio ― disse Rael
olhando Violeta de lado.
Ele realmente não
tinha pensado em nada ainda. Antes de se envolver com grandes famílias, seria
melhor mesmo ele aumentar um pouco mais seu poder.
― Agora vá, tenho coisas a fazer, e você
tem uma família esperando ― disse ela se virando e saindo caminhando dando as
costas a Rael.
Rael
não disse nada, apenas seguiu para a direção oposta e saiu. Violeta ficou
parada ao lado do alçapão no chão pensativa. Rael parecia estar finalmente ganhando
alguma experiência e aquilo a alegrava.
Quando
a presença de Rael sumiu completamente após ele usar o teleporte, uma mulher
muito bonita, de longos cabelos azuis, surgiu próxima a mesa. A pele dela era
branca como a neve e assim como o cabelo seus olhos também eram azuis.
Ela usava um
vestido branco que parecia dar um foco especial em seus seios fartos, até um
pouco maiores do que os de Violeta que tinha um porte médio.
Essa sedutora
mulher, não era uma mulher comum, seu corpo exalava uma aura amarela muito
intensa. Ela estava tomando o maior cuidado em controlar sua nova forma.
― Você vai mesmo abandonar sua linhagem
principal? ― perguntou Violeta de costas para ela.
A mulher puxou um
banco da mesa em silêncio e sentou-se, sua expressão estava muito séria.
― ‘Eu devo, não tenho escolha, se eu não
fizer isso eu e minha filha seremos as últimas de nossa raça’― respondeu a
mulher telepaticamente para Violeta. Ela não estava acostumada a falar usando a
língua.
― Eu darei meu apoio, afinal nós temas metas em
comum ― disse Violeta de volta.
Quando
Rael chegou em casa já era bem tarde, ninguém além de Barbara estava na sala.
Rael percebeu que
Barbara estava com um ar bem sério. Ela o convidou para tomar chá e comer bolo.
Ambos sentaram-se na mesa, de frente um para o outro.
― Samuel pode me dizer que planos você
tem para com minha filha Rita? ― perguntou Barbara soltando essa questão de
repente.
Rael estava sério
comendo um pedaço de bolo de milho despreocupadamente.
― Sim, eu pretendo ter Rita como minha
mulher no futuro ― Rael disse despreocupado.
Era mais fácil
falar isso para Barbara do que para a filha.
Barbara ficou
chocada. Rael estava assumindo mesmo que queria ficar com Rita e sem um pingo
de vergonha.
― Posso perguntar por que você decidiu
isso? Mesmo sabendo que ela é sua irmã mais nova? ― perguntou Barbara mantendo
um ar sério.
― Porque eu gosto dela, a presença dela
me agrada e eu acho ela uma garota gentil e confiável ― disse Rael se lembrando
de que ela não falou pra ninguém sobre o caso com a besta Rose e Rika.
― Eu não vou tentar impedi que vocês
fiquem juntos, mas você deve me prometer que não terá relações sexuais com ela
até que ela complete pelo menos 16 anos. Como o corpo dela ainda está
desenvolvendo você não deve ir muito longe ― disse ela.
Rael ficou
confuso, ele realmente não entendia essa coisa de idade.
― Está me dizendo que ela ainda não tem o
instrumento de mijar? ― perguntou Rael surpreso.
Barbara olhou
para Rael confusa. Que tipo de pergunta estranha era aquela? O que ele queria
dizer com aquilo?
― Do que você está falando? ― perguntou
Barbara de volta.
― Minha mestra disse que as mulheres são
diferentes dos homens nas partes de mijar, me pergunto se isso demora a nascer
― perguntou Rael que parecia falar mais com ele do que com Barbara.
Barbara
ficou ali olhando Rael com um olhar de confusão. Seria possível que um jovem de
15 anos não entendesse o mínimo do corpo de uma mulher? Qualquer mãe que se
preze ensinaria o básico, e ele jamais iria ter aquele tipo de dúvida.
― Samuel, sua mãe nunca conversou com
você a respeito de sexo? ― perguntou Barbara curiosa.
Rael ficou em
silêncio se lembrando de sua mãe. Um olhar frio se formou em seu rosto, que foi
identificado por Barbara. Ele parou imediatamente de comer, deixou o pedaço de
bolo em cima do prato e levantou-se.
― Peço que não fale mais da minha mãe.
Você pra mim já é muito mais mãe do que ela jamais foi em minha vida ― ao dizer
isso, Rael se afastou da cadeira se virando. ― E obrigado pelo chá e bolo ―
depois disso, Rael saiu deixando Barbara em um estado de confusão.