Capítulo em áudio--> https://www.youtube.com/watch?v=xVrr_RkYcgE
Violeta e Emilia sentiram o poder de Nero se aproximar e,
sabendo que os mortos poderiam conjurar itens que provavelmente estavam em
posse antes de serem mortos, as violadoras em formas finais se entreolharam.
Não precisava ser dito uma palavra sequer, era evidente que aquilo poderia se
repetir. Quando Nero voltasse, o imperador iria atrás delas com a Alada
Brilhante em posse, e por isso elas estavam atentas o tempo inteiro.
As duas não ficaram esperando pelo pior. As belas mulheres
recuaram, ganhando uma rápida distância dele em poucas respirações, quase
fazendo Nero perder o sentido sobre as duas.
Mesmo que Nero utilizasse um imenso poder e sua velocidade
estivesse ampliada em muitas vezes, ele não conseguia acompanhar as mesmas se
elas continuassem com aquele ritmo. Ele perderia as duas de alcance em poucos
segundos.
― ‘Aquelas desgraçadas! Elas perceberam!’ ― Nero se encheu
de fúria ao notar que elas estavam fugindo. Ele quase fez uma pausa, mas
percebeu que as violadoras pararam
também, mesmo muito longe dele. Por causa disso ele não desistiu e continuou
seguindo em velocidade máxima.
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Enquanto Natalia apontava a flecha de fogo para o próprio pai, seu corpo
continuava a tremer, relutante com a decisão de atirar em um local vital ou
não.
― Eu conheço você desde que nasceu, Natalia. Você sempre foi
fraca, incapaz de fazer mal a qualquer pessoa. Na luta contra os meus homens,
Mara os matava sem piedade, enquanto você hesitava, os deixando vivos, mesmo
com eles sob ordens de te matar. Você nunca foi capaz de saber o que é ter
poder, e nunca terá essa capacidade. Uma vez fraca, sempre fraca. Esse é o tipinho
de filha inútil que você é. Em compensação, por outro lado, Rael é totalmente o
oposto de você, ele consegue matar pessoas facilmente. Francamente, não faço
ideia de como vocês se combinam. Ao meu ver, Rael combina somente com Mara. Ele
deve ter escolhido você por pura pena, pois está para nascer alguém tão
imprestável assim ― disse Romeo ironicamente.
O corpo de Natalia se tremia cada vez mais enquanto ouvia as
palavras duras de seu pai. Ela mesma sabia que isso era uma fraqueza, Mara já
tinha tentando avisá-la várias vezes anteriormente.
― ‘Eu não admito mais ser protegida, eu não posso mais ser
fraca!’ ― Ela gritou em sua própria cabeça, como se tentasse desesperadamente
completar a pouca coragem que tinha impondo uma força maior de força de
vontade.
― Recue e deixe que eu cuido disso, minha sobrinha. Volte
para... ― Rayger tentou persuadir Natalia e convencê-la a voltar para casa, mas
ela subitamente o interrompeu em um grito:
― Já disse que eu vou cuidar disso! ― Natalia gritou e de
repente seu corpo parou de tremer. A flecha de chamas na corda pareceu ficar
ainda mais intensa, como se mais poder espiritual estivesse sendo derramado na
mesma. Rayger não sabia o que fazer, se deixava isso seguir ou se intervia para
proteger Natalia mas, vendo a moça sem estremecer mais, ele deu mais um tempo a
mesma, ficando em silêncio e assistindo ao que iria acontecer.
― Você não vai me matar, e nós dois sabemos disso. E por
você me deixar vivo, acabarei matando Rael, Mara, seus tios e, bem depois,
você. Ah! Quase ia me esquecendo da vadia traidora da sua mãe! ― disse Romeo e
olhou para uma direção, como se estivesse sentido a presença de Elisa, mas
depois se virou novamente para os dois.
― Você nunca mais vai levantar um só dedo contra o meu
marido Rael! Jamais se levantará contra a minha prima, minha mãe e nem contra
meus tios! Nunca mais ouse ameaçar as pessoas que eu amo! ― Natalia rugiu de
repente e disparou a flecha surpreendendo Romeo e Rayger.
A flecha de chamas fora atirada com extrema velocidade,
rasgando o vento enquanto soltava faíscas de fogo pelo ar. Era até mesmo
visível uma linha vermelha de puro fogo, traçando o caminho da flecha. Natalia,
no mesmo instante, trocou de arma, fazendo o arco cristalizado desaparecer,
sendo substituído por suas duas adagas, e depois avançou para frente como um
outro borrão. Por um instante, os olhos de Natalia se escureceram com uma
energia da morte e houve uma súbita explosão de poder, exponenciando todo o
poder natural da jovem.
― O que...?! ― Romeo só teve tempo de abrir a boca quando de
repente uma flecha atingiu seu peito exatamente no lado esquerdo, que seria o
coração. O local incendiou em chamas e Romeo gritou sentindo seu coração ser
ferozmente incinerado.
― AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
No instante seguinte, Natalia já estava cortando o ar em um
arco enquanto passava por Romeo. A velocidade dela foi tão grande que nem mesmo
Rayger conseguiu acompanhar toda a cena.
― Eu não sou mais aquela menina imprestável! Eu cresci! Eu
sou a esposa de Rael agora! Eu não pouparei mais meus inimigos! ― Disse Natalia
e o corpo de Romeo tremia nas costas dela. A moça não se virou, continuou
parada no seu movimento recém terminado enquanto esperava o pai cair e perecer.
Romeo chegou a tentar levantar uma das mãos para a região do
pescoço, mas um mar de sangue se formou no local e o sua cabeça se desprendeu,
caindo para o lado oposto ao de seu corpo que também caía. Toda a cena não
demorou mais do que alguns pensamentos, pois logo a cabeça e corpo começaram a
virar fumaça e evaporar no ar como se nada tivesse acontecido.
Rayger ficou boquiaberto com a exibição de poder de Natalia,
sua sobrinha de repente tinha superado o poder de um reino final. Além disso,
Natalia demonstrou uma frieza que nunca teve antes e cumpriu mesmo tudo o que
dissera. Naquele momento Rayger não sabia o porquê, mas teve um mal
pressentimento que não sabia explicar.
― ‘Mara quase morreu por minha causa. Aquele ferimento que
ela recebeu de Heitor... Eu jamais me perdoaria se ela tivesse morrido, eu tive
que matar meu pai para proteger quem amo!’ ― Natalia suspirou ainda segurando
as lâminas, enquanto se lembrava da prima que ela tanto aprendeu a amar.
O pai dela já havia sumido no ar e Natalia tinha uma
expressão resignada escondida dentro do elmo, ela não se arrependeu de matar
Romeo e fez isso em um instante. Ela sentiu que podia, sentiu que tinha um
poder oculto nela explodindo em seu peito e o usou. Durante esses segundos,
seus olhos se escureceram com aura da morte, mas ela estava controlando com
facilidade. A única coisa estranha é que ela se sentiu mais segura, mais cheia
de poder, mais forte, como se pudesse matar e destruir qualquer inimigo que
ousasse atravessar seu caminho. Essa era uma força misteriosa que apoiou sua
natureza gentil e amável, permitindo que ela exercesse a capacidade de matar e
agir com justiça.
Rayger se aproximou com cautela e parou de frente a
sobrinha, ficando algumas respirações em silêncio. Ele tentou analisar a aura
de Natalia, mas agora parecia tudo normal. A aura da morte tinha explodido
apenas por um instante e nem mesmo ele foi capaz de sentir.
― Querida, você está bem? ― perguntou Rayger.
― Eu nunca estive melhor, tio. ― disse a jovem firmemente de
dentro da armadura.
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Quando Rael e Mara já estavam para sair, as princesas chegaram carregadas por
Ralf, que pousou em frente aos dois, depois baixou as garras da frente e as
colocou de frente a Rael. As duas ainda gritando correram para trás de Rael no
momento que foram libertadas. Cada uma agarrou um braço de Rael e ficaram por
trás dele olhando o enorme tigre dourado que tinha um olhar de desdém na
direção das duas.
― Meu amor! Essa criatura selvagem tentou nos levar a um
local qualquer para nos devorar! Não deixe que ela nos pegue! ― Disse Anita
ainda tremendo, mas como agora estava por trás de Rael, ficou muito mais
corajosa.
Alana assustada era igualmente à irmã caçula, as duas não
mudavam em nada. Isso fez Mara erguer as sobrancelhas, se perguntando sobre a
história de Rael apenas ter ajudado Alana era verdadeira mesmo. Não parecia,
Alana estava muito a vontade com Rael naquela ocasião.
Ralf, por outro lado, não esquentou com as duas. Ele estava
excitado com a possibilidade de combater mais uma vez. Ele havia sentido um
cheiro muito familiar e em seguida viu Neide lutando. Neide, de certa forma,
disputava com Ralf sobre quem matava mais inimigos e, portanto, ele não queria
ficar para trás. Sem pedir permissão a Rael, ele levantou voo e partiu aos céus
em velocidade.
― Mara, você cuida delas? Eu vou atrás de Natalia. ― disse
Rael se soltando educadamente das princesas e já se virou subindo em um voo
rápido, também indo para a direção da energia de sua segunda esposa.
Mara não teve tempo de reclamar e olhou para as duas irmãs,
que ficaram com pontos de interrogação em sua face. Elas acharam estranho que
Ralf não as atacou.
― Aquele tigre voador se chama Ralf, ele é de Rael. ― disse
Mara explicando e já empurrando as princesas barreira adentro. As duas entraram
de volta para casa e ficaram olhando para Mara surpresas.
― Eu vou repetir mais uma vez: aqui dentro vocês estarão
seguras, essa barreira pode proteger vocês de qualquer coisa externa. Então,
dessa vez, tentem não sair por aí sozinhas. Melhor, não saiam daqui de jeito
nenhum até que tudo isso se resolva e volte ao normal. ― disse Mara.
― Mas o nosso pai real... ― disse Alana de repente.
― Esqueceram do bendito anel de comunicação? Vocês ao menos
tentaram falar com ele? ― perguntou Mara de repente e as duas ficaram ali,
estagnadas e atrapalhadas.
Demorou apenas alguns segundos para Elidas respondê-las e
dizer que estava bem. Ele continuava cercado por seus vários guardiões dentro
da residência Raleon. Ninguém tinha invadido o local ainda. Ele contou que não
se lembrava do comando para ativar esse novo anel e já tinha xingado os cinco
céus devido ao seu esquecimento. O anel de Rael era afinal diferente dos demais
e Rael tinha dado tanto um a ele como um para Alana. As meninas riram sem graça
ouvindo as explicações do pai. Ele contou que quase veio atrás delas, mas o
pessoal de Rayger não permitiu, dizendo que estava muito perigoso do lado de
fora e mesmo com seus homens ele não teria proteção suficiente.
― Viram? Ele está bem. Agora não saiam daqui, pois eu vou
entrar na batalha ― disse Mara e se virou para a porta, mas antes de avançar,
ela fez uma pausa sem se virar para as duas: ― Se quiserem ter poder para um
dia ajudar o nosso Rael nos combates, é melhor que vocês duas cultivem o quanto
antes, porque se continuarem tomando essas atitudes impensadas, serão apenas
fardos. Não é nada bom serem fracas desse jeito ― depois de finalizar, Mara
saiu e fechou a porta.
Anita e Alana se olharam sem graça, elas quase morreram como
Mara havia avisado. Então, só lhes restavam baixar a cabeça e torcer para que
tudo acabasse bem.
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Elisa estava lutando em frente a residência Raleon junto a outros cultivadores,
ficando como encarregada de proteger o local de qualquer invasor. Depois dos
elders, Elisa era considerada a pessoa mais forte do clã, por isso Neide deu
essa ordem a ela. Mas eles estavam cercados. Os mortos continuavam a aumentar
em números e, mesmo que fossem mais fracos, os venciam em quantidade e isso
fazia eles recuarem cada vez mais.
― ‘Se continuarmos assim não iremos resistir. Tenho que
pedir um novo reforço para Neide’ ― pensou Elisa e já ia fazer um chamado,
quando de repente uma enorme besta surgiu em um rugido.
― RWOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOM! ― Ralf chegou rasgando dezenas
de cultivadores com aura da morte e passou voando fazendo o retorno. Logo em
seguida, passou rasgando outra dezena e nesse momento a batalha em frente as
portas da residência Raleon foram até mesmo pausadas pela aparição daquela
imensa besta de Rank S+.
― É uma besta Rank S+! ― gritaram os cultivadores abismados.
Tanto os que possuíam aura da morte quanto os vivos, ambos os lados estavam
surpresos com a aparição de Ralf. Mas não demorou muito para notarem quem eram
seus alvos, porque a cada voo somente fumaça sumia e não restava corpos. Ralf
logicamente estava matando apenas os inimigos, e isso deixou os vivos um pouco
confusos. Eles não estavam acostumados a ter ajuda de uma besta.
Em poucas respirações, Ralf tinha matado cerca de 50
inimigos, todos eles estavam entre o decimo reino e o decimo primeiro, teve até
um inimigo no decimo segundo reino. Os que tentaram correr, Ralf soltou lâminas
de vento que destruíram o restante, limpando completamente a frente da
residência Raleon.
Elisa ficou ali parada com uma expressão um tanto
desconcertada. Ela conhecia Ralf, mas não tinha certeza se ele a reconheceria.
O imenso tigre pousou na frente da mulher e levantou uma das patas da frente.
Ele envolveu o corpo de Elisa carinhosamente e a puxou, baixando sua cabeça e
esfregando os pelos nela enquanto a cheirava. Ralf reconhecia Elisa pelo cheiro
e jamais esqueceria que ela o salvou da morte naquela vez.
Quando Ralf tinha pousado em frente a Elisa e levantado a
pata, vários cultivadores vivos tinham corrido em desespero, pensando que agora
o tigre iria matar os que estavam vivos, mas quando viram a peculiar cena de
uma besta rank S+ fazendo carinho em Elisa, ficaram absolutamente confusos.
Ralf era como um imenso gatinho se esfregando e se apertando em Elisa, os
outros ficaram de queixos caídos e cheios de confusão.
― Você não se esqueceu de mim, fico feliz por isso ― disse
Elisa com alegria e sinceridade, alisando as mãos no tigre: ― Também está bem
mais forte do que eu agora, parabéns pela sua força! ― disse ela. Ralf
respondeu com um ronronar amigável, como se a entendesse.
― E Rael, ele está bem? ― perguntou ela. O tigre balançou a
cabeça positivamente. Os homens que agora estavam parados, estavam ainda mais
abismados. Ao que parecia, Elisa estava conversando com o tigre e o mesmo
entendia e respondia.
― É melhor você ir ajudá-lo, obrigada por me salvar ― disse
ela de volta. O tigre deu um sorriso mostrando fileiras de dentes afiados, isso
para os outros parecia uma ameaça de possível ataque, mas para os conhecidos,
era apenas um sorriso amigável. Elisa sorriu de volta e a besta rank S+ partiu
aos céus depois de liberá-la.
― Senhora, com todo respeito... Como conheceu essa besta? ―
perguntou um dos cultivadores que ajudavam na defesa.
― Esse tigre é de Rael, seu nome é Ralf. ― explicou Elisa.
― De Rael? ― os outros quase engasgaram ao ouvir isso. Eles
só poderiam ficar ainda mais surpresos com as descobertas sobre Rael. Ao que
parecia, ainda havia muitos mistérios por trás de Rael que não conheciam.
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Rael tinha conjurado o seu clone e voava aos céus exterminando todos que podia
de um lado, enquanto o clone fazia o mesmo do outro. Ambos avançavam com uma
imensa velocidade. De repente, Rael recebeu um chamado e soube do estado do clã
Nova Esperança por Isabela. Isabela estava parada com Keylla perto de Ana,
todos estavam na residência protegidas na barreira. Ana estava sendo tratada
também pelo poder de Keylla que, como era cultivadora do elemento Água, tinha
bons dons curativos. Por ser um reino final, seu poder curativo era muito maior
do que o de Laís.
― ‘Nós já cuidamos de tudo aqui, mas houve traidores entre
os vivos quando os mortos nos atacaram. O que devemos fazer? Rendê-los ou
exterminá-los?’ ― Isabela perguntou do outro lado. Matar nesse momento não era
uma boa ideia. Cada morte ocasionaria em um novo retorno.
Rael se arrependia de não ter mandado matar todos enquanto
teve tempo. Ele mordeu os lábios irritado e ordenou que juntassem todos e os
exilasse do local. Se eles voltassem deveriam ser mortos. Cada um desses
deveria ser confirmado por Ana, que com certeza estava a par de toda a
situação.
― ‘Eu entendi. Depois de resolvermos isso e deixarmos todos
seguros, podemos ir te ajudar? Você está no clã Torres, não é?’ ― perguntou
ela.
― Sim, como sabe? ― perguntou Rael depois.
― ‘Eu aprendi a controlar o poder de localizar você. Keylla
e eu podemos te sentir, mesmo que esteja longe’ ― explicou ela.
― Isabela, eu falo com você depois... Estou um pouco ocupado
aqui ― explicou Rael e matou mais um cultivador dos mortos, que tentou atacá-lo
de surpresa.
― ‘Rael, perdemos algumas pessoas... Não conseguimos evitar.
Dos seus discípulos, perdemos Josias, Everton, Eduardo, Joice, Janete e Thais.
Não conseguimos evitar essas perdas, eles eram em muitos...’
― O que...? ― Rael até ficou paralisado quando ouviu os dois
últimos nomes e seu coração estremeceu. Ele pensou que Janete estaria segura e,
de repente, recebe aquela notícia. Sem mencionar Thais, que agora tinha morrido
suas duas versões. Era de fato uma notícia muito chocante para Rael, que só
queria protegê-las.
Rael
ainda estava parado quando Natalia apareceu voando, vindo em sua direção. Ela
ainda usava sua armadura e agora estava com seu arco em punho. Ela continuou a
matar todos os outros inimigos. Dessa vez estava matando mesmo, não se contendo
mais em poupar os inimigos.